Opinião

A mobilidade urbana em Leiria – uma proposta

18 jan 2025 16:20

Já não há cidadão que não veja que Leiria tem, acentuadamente, um problema de mobilidade urbana

A tendência inequívoca da organização territorial do planeta é a urbanização. Dentro de duas décadas, cerca de 75% da população mundial vai residir em centros urbanos. As cidades serão a principal fonte de problemas e de soluções para a promoção da sustentabilidade, fruição dos espaços públicos e o bem comum.

Já não há qualquer cidadão que não veja que Leiria tem, acentuadamente, um problema de mobilidade urbana. O centro da cidade está num processo de transformação negativa com três factores: 1) o licenciamento desmedido de habitações por parte da câmara municipal (CML) e que aumenta o fluxo automóvel em vias que já são inadequadas; 2) a transformação dos prédios urbanos em vários T1, fazendo com que a cidade seja apenas um espaço dormitório; e 3) o gradual desaparecimento do comércio tradicional de rua em detrimento das lojas de grande superfície.

Devido às decisões erráticas da CML, visando unicamente os impostos sobre os bens imóveis, receio que o centro da cidade tenha entrado num caminho mau e sem volta.

No entanto, ainda é possível apresentar soluções que possam aliviar as tensões sobre a cidade através de vias rápidas sem portagens, tais como: 1) isenção de portagem na A8, sentido Leiria/Marinha Grande, para aliviar o fluxo na N242 e o nó na rotunda jocosamente conhecida por penso higiénico; 2) isenção de portagem no troço da A8 (IC36), sentido Parceiros/Pousos, facilitando os acessos a Leiria sul pela N356-2 (Quinta de São Venâncio até à rotunda onde está o McDonald’s) e no acesso ao hospital e à circular interna da cidade, 3) isenção de portagem na A17 no sentido norte até a Ortigosa, aliviando o fluxo na N109, e 4) isenção de portagens na A19 no sentido Leiria/Batalha, aliviando o fluxo no IC2 e, finalmente, protegendo o Mosteiro da Batalha de poluições e trepidações.

Esta proposta implica a isenção de portagens em cerca de 35km nas A8 e A17 e 13km de A19. Não se trata de uma proposta inteiramente nova, visto que em Maio de 2024 a CIM da Região de Leiria já se pronunciou nesse sentido (A8 Leiria/Marinha Grande e A19 Leiria/Batalha). Trata-se de uma reivindicação urgente e mais alargada que visa uma solução parcial dos problemas de mobilidade urbana negligenciados pela CML.

E, numa visão de longo prazo, no âmbito do projecto da linha de alta velocidade (LAV), trata-se de uma proposta de solução parcial de acessos para a futura estação LAV na freguesia de Barosa. A estação LAV sugere a supressão de 11km da Linha do Oeste, mas que não deveria acontecer.

Uma outra parte da reivindicação deverá ser a continuidade da Linha do Oeste, e da actual estação, com um metro de superfície no sentido Leiria/Marinha Grande. Basta apenas visão, vontade e determinação política.