Editorial
A passo de caracol
Embora lentamente, vamos dando passos para explorar uma riqueza há muito explorada, por exemplo, pelos promotores dos Caminhos de Santiago
A romaria de peregrinos a pé em direcção a Fátima é um fenómeno com mais de um século. Primeiro, os caminhos começaram a ser percorridos por fiéis católicos portugueses, depois, com o passar dos anos e a internacionalização dos acontecimentos que tornaram a Cova da Iria num altar do mundo, também por crentes de todos os continentes.
Apesar da dimensão universal dada ao local, com as visitas dos papas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco, e do crescente número de peregrinos estrangeiros, só em 2013, e depois de muita luta, o Turismo Religioso passou a ser considerado um produto estratégico no Plano Nacional de Turismo (PENT).
Três anos depois, e após uma sequência de ‘picardias’ entre a Associação dos Amigos dos Caminhos de Fátima e o Centro Nacional de Cultura, por causa da identificação e marcação dos percursos de peregrinação, foi criada a Associação Caminhos de Fátima, por iniciativa de 14 municípios do norte e centro do País.
Com recurso a fundos comunitários, em 2017, esta associação criou finalmente uma identidade para os caminhos, através de sinalética própria, e traçou novas rotas, mais seguras para os caminhantes: de Vila Nova de Gaia até à Cova da Iria (Caminho de Centenário) e de Coimbra até ao local das aparições (Rota Carmelita).
O Centro Nacional de Cultura, responsável pelo Caminho do Norte, Caminho da Nazaré e Caminho do Tejo, adoptou a mesma sinalética e anuncia para breve mais dois percursos: o Caminho dos Candeeiros (a partir de Rio Maior) e o Caminho do Médio Tejo (a partir de Tomar).
Como vos damos conta nesta edição, a nova Comissão Executiva do Turismo Centro de Portugal, quer manter a aposta no Turismo Religioso, em particular nas rotas de peregrinos, para captar ainda mais turistas e combater a crónica sazonalidade sentida pelo sector.
É caso para dizer que, embora lentamente, se vão dando passos para explorar uma riqueza há muito explorada, por exemplo, pelos promotores dos Caminhos de Santiago. E, do mal o menos. Mais vale caminharmos devagar do que ficarmos parados, de braços cruzados.