Opinião

“A Porta” de todas as portas

9 jun 2016 00:00

Os responsáveis por este Festival são gente que faz da Arte uma atitude para vida. Acreditam no que fazem, em quem são, no quanto valem e transformam tudo isso na exposição pública do que sentem e acreditam

A "Porta” esteve de novo aberta. Cinco dias para conjugar numa vontade comum diferentes formas de arte, promover a cultura, usufruir do entretenimento inteligente, dar espaço ao lazer, incentivar o comércio e apelar à experimentação dos sabores.

Com muita “Preguiça”, “meia dúzia de gatos pingados” e uma ideia se devolveu à cidade o conceito de ágora, de espaço público, de mostra e partilha. Dias em que a cada um de nós é dada a liberdade de escolher entre meros transeuntes ou cidadãos participativos. Um Festival como todos deveriam ser: uma grande festa coletiva, participada, abrangente, total. Uma Porta que abre todas as portas e franqueia o contributo, mesmo que modesto, de cada um ao olhar de todos.

A Arte é tornar visível aquilo em que se sente e acredita.

Os responsáveis por este Festival são gente que faz da Arte uma atitude para vida. Acreditam no que fazem, em quem são, no quanto valem e transformam tudo isso na exposição pública do que sentem e acreditam. E conseguem-no pela metamorfose que vai de transformar uma parte decrépita da cidade na mais participada das galerias de arte. Enxotaram os carros das artérias e legitimaram o regresso das pessoas. Encontros desacostumados de quem não se via há muito; abraços adiados que reforçaram laços de amizades paralelas; compras de impulso porque mais que a necessidade da coisa comprada se quer ficar com uma memória física do momento; petiscos e copos que se partilham numa grande mesa comum; e beijos também, que apetece gravar na alma de quem se ama este sentir que se vence a lama dos dias e se está em festa. Os responsáveis por este Festival demonstram como a Cultura é geradora dum enriquecimento comum.

*Psicólogo clínico
Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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