Opinião
As guerras de Portugal
Sobre a pandemia já quase fomos heróis
Nos últimos anos fomos assolados pelas consequências de duas guerras imprevisíveis e sem qualquer responsabilidade por parte de qualquer português: a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia, sendo que nenhuma delas está terminada.
Sobre a pandemia já quase fomos heróis, com boas práticas e bons resultados, e também já fomos completamente normais, sendo que ainda agora se coloca a questão duma nova vaga e se não terão de voltar algumas das regras entretanto liberadas.
A Rússia continua sem querer voltar atrás numa acção inqualificável e incompreensível no século XXI e no âmbito do sistema democrático global, com as consequências que todos vamos observando, do ponto de vista social ou económico, não se sabendo qual vai ser a sua dimensão e quanto será necessário para que coloque um ponto final neste conflito.
E como estamos muito embrenhados nestes dois problemas que, não sendo só nossos, têm muitas implicações em Portugal, tendemos a esquecer, ou desvalorizar, outras questões internas que temos que combater para inverter o seu sentido.
E estas já só dependem de nós e particularmente do Governo socialista.
Comecemos pela Saúde. Soubemos há poucos dias que, afinal, passados todos estes anos de governo PS, o número de portugueses sem médicos de família aumentou em mais de 200.000, quando o primeiro-ministro António Costa pregava, em 2016, que no ano seguinte, ou seja, 2017, não haveria nenhum português sem acesso a médico de família.
Mas para continuar com as conexões aos temas iniciais, porque é que ainda não houve um cabal esclarecimento sobre o que se passou em Setúbal que, embora não sendo competência directa do Governo, levou o PS a inviabilizar as audições dos envolvidos neste caso, o acolhimento de refugiados ucranianos, em sede parlamentar.
Estará a querer esconder alguma coisa?
Mas como é que ainda é possível, apesar da responsabilidade dos clubes, continuarmos a observar mortes em rixas associadas às claques de futebol, com a recente morte dum adepto do Porto, no âmbito das comemorações do título do campeonato português de futebol?
Já o disse em várias ocasiões, se as claques organizadas não sabem cumprir o seu papel, os clubes, nem que seja com a obrigatoriedade da tutela, têm que pôr termo a este tipo de organização, quando, ainda por cima, muitas vezes são multados, sem responsabilidade.
É o exemplo do que acontece com o lançamento de petardos, que não se percebe como entram nos estádios, para o recinto de jogo.
Ou ainda a grande trapalhada, para não dizer outra coisa, do processo de descentralização de competências, com claro prejuízo para as Autarquias Locais, onde muito me espanta a passividade da maioria dos municípios portugueses, saudando, quanto mais não fosse por isso, a atitude de Rui Moreira, edil do Porto, mesmo que não tenha razão, pois permitiu trazer o tema para cima da mesa, merecendo, até, um reparo do Presidente da República.
Ou a pouca vergonha do processo semanal do preço dos combustíveis, onde o Governo apresenta a sua estratégia para fazer baixar, ou pelo menos manter, os preços e depois vamos assistindo, quase todas as segundas-feiras, ao seu aumento?
Ou ter começado no passado domingo o habitual Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais e só a dois dias do seu início se conhecer a Directiva Operacional e Financeira, de extrema importância para as Associações Humanitárias, não conseguindo contrariar uma evidência continuada da sua desfaçatez e incompetência?
São apenas alguns exemplos daquilo que, também, nos deve preocupar, esperando que estas guerras internas possam ser vencidas mais facilmente, a bem de Portugal e dos portugueses!