Opinião
As previsões europeias
Os consumidores, com o aumento do custo de vida, irão perder poder de compra e rendimentos
Não obstante a situação epidemiológica de Covid-19 estar “estável”, a economia europeia está a sofrer as consequências da guerra da Ucrânia, que acentuou a crise energética da UE e pressiona os preços dos bens e serviços para as empresas e famílias.
O Governo e o Banco de Portugal estimaram o crescimento do PIB português em 4,9% sendo que a Comissão Europeia reviu em alta e aponta para 5,8% em 2022 devido à retoma intensa do turismo internacional face aos anos anteriores.
Caso se concretizem as previsões, Portugal será o país da União Europeia que mais irá crescer em 2022, seguido da Irlanda, Malta e Espanha.
Para 2023, a Comissão Europeia estima que a economia portuguesa desacelere para um crescimento de 2,7%, com o investimento a crescer mais do que o consumo privado devido à implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Tal como prevê o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), o défice orçamental deverá baixar de 2,8% do PIB em 2021 para 1,9% em 2022 e em 2023 poderá chegar a 1%, fruto da eliminação das medidas temporárias relacionadas com a pandemia.
Na próxima semana, a Comissão Europeia irá propor aos Estados-Membros a continuação da suspensão das regras orçamentais (que iriam ser reativadas em 2023) devido à invasão russa na Ucrânia.
No fundo, a designada cláusula de escape ou de salvaguarda que suspende temporariamente as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento e exige que a dívida pública dos Estados-Membros não supere os 60% do PIB e o défice abaixo da fasquia dos 3% irá permanecer ativa.
Por outro lado, o Conselho das Finanças Públicas antecipou e a Comissão Europeia vem agora confirmar, em vez dos 4% estimados pelo Executivo no OE2022, o IHPC (Índice Harmonizado dos Preços no Consumidor), vulgarmente denominado por inflação, deverá fixar-se nos 4,4% em 2022.
Apesar de ser elevada em termos históricos para Portugal, os 4,4% de inflação para 2022 correspondem à taxa mais baixa entre os 27 Estados-Membros.
A expectativa da Comissão Europeia coincide com a do Governo, a inflação deverá ter um “pico” no segundo trimestre de 2022, desacelerando “gradualmente” até ao final do ano, no entanto o Fundo Monetário Internacional estima que a inflação em Portugal dispare para 6% este ano.
A verdade é que a resistência do Banco Central Europeu parece ter chegado ao fim e no início do próximo trimestre iremos assistir ao movimento de subida das taxas de juro, o que significa que o setor privado (empresas) vão ter de suportar custos de financiamento mais elevados juntamente com a subida exponencial dos custos de produção associados e os consumidores, com o aumento do custo de vida, irão perder poder de compra e rendimentos.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990