Opinião

Batalha e Notre Dame

9 mai 2019 00:00

Vamos ser sinceros: na realidade fomos responsáveis por empobrecer irremediavelmente as gerações seguintes. Mas tudo é relativo.

O incêndio no Museu Nacional do Brasil e depois na Catedral de Notre-Dame marcaram em pouco tempo o panorama das perdas patrimoniais. Por razões diversas, em contextos diferentes e com danos distintos, a verdade é que no espaço de meio ano a Humanidade ficou mais pobre.

Vamos ser sinceros: na realidade fomos responsáveis por empobrecer irremediavelmente as gerações seguintes. Mas tudo é relativo.

Todos os dias perdemos património quase sem darmos conta, unicamente porque o património só adquire significado e valor na relação que as pessoas e as comunidades com ele estabelecem.

Património é herança e se é verdade que sempre vamos incorporando “novas heranças”, também com frequência as apagamos e perdemos, sem que sejam notícia emocionante.

Por desleixo, por desinteresse, por desconhecimento, por descuido, por causas inesperadas, por factores que não controlamos…

Quando se trata de edifícios é sempre possível a sua recuperação e reconstituição, mais ou menos fiel. É de esperar que isso aconteça com Notre-Dame (quantos visitantes deambulam pelas catedrais alemãs sem se lembrarem que algumas delas são reconstituições com pouco mais de 50 anos, após a sua destruição pela aviação aliada?).

No Mosteiro da Batalha um incêndio com a natureza e dimensão de Notre-Dame seria impossível.

Sem a grandiosidade e imponência espacial da catedral francesa, o mosteiro, com excepção dos telhados que cobrem a Sala do Capítulo, não possui coberturas com vigamentos em madeira susceptíveis de acendimento descontrolado: os vigamentos que suportam os telhados são em pedra e até os do Claustro D. Afonso V foram

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