Opinião
Brindemos juntos aos acendedores de encontros!
Acredito que neste burilar constante que nos acompanha, proporcionar e deixar-nos ir em momentos de encontro são a pedra de toque para dias mais bonitos
Muitas coisas boas já aconteceram na nossa cidade neste junho que pouco passa ainda de meio. Falo de atividades para miúdos, graúdos e maiores, que tentaram ser ecléticas, umas mais e outras menos, mas que no seu âmago fizeram um dos deveres maiores do seu propósito: juntar pessoas, não apenas para estarem fisicamente no mesmo Km2, mas a co-criar e a acima de tudo a tecer laços umas com as outras.
Acredito que neste burilar constante que nos acompanha, proporcionar e deixar-nos ir em momentos de encontro são a pedra de toque para dias mais bonitos para todos nós, independentemente da idade, ou de onde vimos. Podia se quisesse, apontar a algo que estivesse menos bem, mas prefiro ver o copo meio cheio e contar-vos que entre outros momentos estou a pensar na Versátil, a Feira do Livro de Leiria, que aconteceu entre 1 e 10, deste mês de meio ano, no jardim Luis de Camões, mesmo no coração da cidade.
Gostei de a ver gizar naquele espaço, porque a senti intrínseca na cidade, como se dela fizesse parte indivisível, e se ficasse lá bem sempre, perene, num sítio de passagem onde podemos ir propositadamente, mas também a piscar o olho e encantar aqueles que fazem daquele o seu caminho de todos os dias. Gostei da interação com as árvores, com as fontes e com o espaço que é de todos. De ver pessoas que já não via há muito tempo, e da energia contagiante que parecia emanar daquele local.
Talvez tivesse arranjado uma forma de integrar os lagos que fazem parte da minha infância, principalmente o que fica sempre escondido atrás do palco e que é tão, mas tão bonito, mas deixo esta ideia como sugestão para uma próxima edição.
Posso ser suspeita porque para além de ter passado por lá este ano enquanto autora, tenho na minha “identidade compósita”, memórias bonitas de quando também eu por lá passei enquanto aspirante a aprendiz “ livreira”. Mas do que vos quero falar é que achei que a Versátil estava muito bonita, e cuidada e com uma programação diversificada e plural, que juntou os autores e artistas locais aos nacionais, para conversas, workshops, jantares, apresentações, concertos, teatro, performance e tantos outros momentos de beijos e abraços e de reflexão conjunta e de partilha e em que a curadoria pensou em todos e em todas, com hospitalidade.
Posso contar-vos também que me senti acolhida, e cuidada, e que intuo que foi geral, que aconteceu com todos, e que é de elogiar a equipa que a pensou. Mas deixo uma vénia sentida a quem estava no terreno a acolher-nos, a perguntar do que precisávamos, e a sorrir cúmplice. Dos relações públicas, à equipa técnica, e aos livreiros.
Longa vida à Versátil ! Brindemos juntos aos acendedores de encontros!
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990