Opinião
Causa Maior
Editorial | Rigo/Isenção/Causas/Liberdade. É assim que o JORNAL DE LEIRIA se comunica. É com essas quatro palavras que exprime o que o guia, e que informa o leitor sobre o que pode esperar das suas páginas.
Entre as Causas maiores está, como não poderia deixar de ser nos tempos que correm, a questão ambiental e das alterações climáticas, o que explica uma insistência em assuntos que, até internamente, há quem entenda exagerada, por estarmos a escrever mais do mesmo.
E a verdade é que andamos há anos a escrever sobre questões como a poluição da bacia do Lis e o problema das descargas suinícolas, sobre a degradação das arribas e o avanço do mar, ainda sobre a eucaliptização da floresta, o défice de transportes públicos, a construção desordenada, o desperdício de água, etc, etc.
Andamos, portanto, há anos a repertirmo-nos, a falar das mesmas coisas, a insistir em assuntos que a muitos pouco dizem, a ouvir especialistas em matérias que nada acrescentam à economia, a dar voz a activistas ambientais que, em algumas cabeças, só complicam a vida a quem quer trabalhar.
Mas, o que fazer se os problemas perduram no tempo? Deixamo-los cair no esquecimento? Abandonamos todos os que sofrem as suas consequências? Não, isso o JORNAL DE LEIRIA nunca fará. Enquanto os problemas existirem, por mais incómodos que possamos ser, continuaremos a pôr o dedo na ferida, na esperança, obviamente, de um dia podermos noticiar a sua resolução.
Aliás, a ligação do JORNAL DE LEIRIA às questões ambientais tenderá a intensificar-se, acompanhando o escalar de um problema que, como é sabido, apesar de negado por cretinos como Donald Trump, começa a chegar a um ponto de não retorno.
Não é por acaso, portanto, que publicamos nesta edição uma entrevista com Catarina Gomes, activista na área do ambiente, depois de num curto espaço de tempo termos ouvido Jorge Carvalho, Gil Penha-Lopes e João Camargo, todos eles investigadores e activistas nessa área.
Tal como os entrevistados que a antecederam, Catarina Gomes não deixa margem para dúvidas sobre a gravidade da situação que vivemos: um verdadeiro estado de emergência; não escondendo a sua incredulidade quanto à postura das pessoas relativamente a algo que nos está a entrar pela vida a dentro.
Já não se trata sequer do que poderá acontecer um dia mais tarde, longínquo, mas sim do que já está aí, no presente, a cumprir as piores previsões de há alguns anos, a mostrar que com a natureza não se brinca, a dar indicações sobre quão negro será o futuro próximo se não mudarmos radicalmente a nossa forma de viver. Radicalmente…, não menos do que isso!
Algo que só se conseguirá com uma profunda mudança na forma de pensar, nos hábitos, nas prioridades. Algo que obrigará a uma verdadeira revolução de mentalidades. Uma Causa para a qual o JORNAL DE LEIRIA dará tudo o que lhe for possível.
*director do JORNAL DE LEIRIA