Opinião

Cinema e TV | Furiosa, com menos tempestade do que Fury Road

13 set 2024 08:09

A incerteza sobre se George Miller continuará a explorar este universo é preocupante para os fãs, pois, apesar das falhas, Furiosa demonstra que ainda há muito para contar neste mundo pós-apocalíptico

Furiosa é um filme que inevitavelmente carrega o peso do seu antecessor, Mad Max: Fury Road, um verdadeiro marco no cinema. No entanto, Furiosa não é um Fury Road.

George Miller, cuja genialidade foi reconhecida desde que criou este mundo pós-apocalíptico em 1979, alcançou status de divindade cinematográfica após Fury Road. O elenco de Furiosa é de primeira linha, com destaque para Anya Taylor-Joy no papel principal. Taylor-Joy entrega uma performance convincente e intensa, mas a sombra de Charlize Theron como Furiosa ainda paira sobre o filme. Por razões desconhecidas, Theron não retornou, e embora Taylor-Joy esteja excelente, a nostalgia pela Furiosa original persiste.

Chris Hemsworth também brilha como o vilão, mostrando claramente o seu entusiasmo pelo papel, o que se traduz numa atuação sólida e carismática. A exploração do passado de Immortan Joe, mostrando-o mais jovem, acrescenta camadas à sua personagem, revelando a sua inteligência e crueldade desde cedo.

Contudo, nem tudo é perfeito em Furiosa. A cinematografia, um dos pilares de Fury Road, é menos impressionante desta vez. O visual icónico do filme anterior, com a sua fotografia vibrante e brilhante, não é igualado aqui. Os efeitos visuais, embora competentes, também não alcançam o mesmo nível de credibilidade e impacto que os de Fury Road.

Um ponto curioso é a discrepância nas bilheteiras. Furiosa arrecadou consideravelmente menos que o seu antecessor, o que não reflete necessariamente a qualidade do filme, mas pode influenciar o futuro da franquia. A incerteza sobre se George Miller continuará a explorar este universo é preocupante para os fãs, pois, apesar das falhas, Furiosa demonstra que ainda há muito para contar neste mundo pós-apocalíptico.

A montagem do filme, especialmente nos últimos 30 minutos, também deixa a desejar. O ritmo que marcou Fury Road parece diluir-se no clímax de Furiosa, resultando numa experiência um pouco menos impactante. A música também muito ausente. Fury Road mostrou grande banda sonora e neste parece que não houve orçamento.

Apesar destes pontos negativos, Furiosa é um filme bem sólido e merece ser visto. Embora não atinja os picos de Fury Road, oferece uma narrativa robusta, performances fortes e um aprofundamento apreciável do universo de Mad Max. Em suma, vale o tempo investido e mantém viva a chama de George Miller como mestre do cinema pós-apocalíptico.