Opinião

Cinema | Calcanhar de Aquiles

24 jul 2020 20:00

Hoje, trago um desabafo que pode ser útil, a quem, como eu, tenta fazer cinema e escrever para cinema.

Aliás se este assunto é do teu interesse, recomendo um conversa que tive recentemente com o argumentista Luís Campos, no Leiria Film Fest  (está disponível no Instagram do festival é só procurar.)

Mas enfim, não quero passar aqui nada do que o Luís Campos disse nessa conversa, até porque ele fala muito melhor do que eu. Quero mesmo passar um desabafo sobre a escrita de argumentos para cinema.

Já lá vão cerca de dez anos desde a última vez que escrevi para cinema. Pode parecer estranho, com tanto filme que realizei desde essa altura, mas a verdade é que um argumento digno desse nome e da minha autoria, já lá vão dez anos.

Não porque não tenha histórias para contar ou tenha contado histórias que não queria, durante este tempo. Aliás, felizmente tenho contado todas as histórias de que gostava, mas tenho em mim um grande defeito: o de não saber escrever. Ou de achar que não o sei fazer.

Por isso, nestes últimos dez anos, tenho pedido sempre a pessoas de confiança que coloquem em argumento algumas das ideias que tenho para os meus filmes. E ter uma ideia para um filme é muito diferente de escrever o argumento dessa ideia. E é essa a minha dificuldade.

Desde enredos, tramas, e principalmente os diálogos. Os diálogos que tornam tudo tão perfeito ou completamente horrendo. É preciso muito cuidado com os diálogos, e o melhor forma para se perceber que se está a fazer asneira, é lê-los em voz alta e ensaiá-los.

Aí conseguimos ver logo se estamos a fazer asneira ou não - e acreditem que a maior parte das vezes estamos.
O meu problema é esse: o de saber muito bem como o filme começa e como ele acaba, mas não saber como se desenrola.

E para desenrolar esse novelo tenho contado com grandes nomes – aos quais aproveito este texto para lhes agradecer e referir: o Paulo Kellerman que escreveu Calou-se. Saiu. Saltei.; o António Cova que escreveu Fugiu. Deitou-se. Caí. e,  mais recentemente, Carlos Salvador que escreveu Equinox que está nomeado aos prémios Sophia da Academia Portuguesa de Cinema. A eles o meu muito obrigado!

Mas virão mais, porque este meu defeito não se vai curar e irei precisar da colaboração de todos.

Neste momento é o Álvaro Romão que me está a dar uma mãozinha no argumento do meu novo filme e amanhã... até podes ser tu.