Opinião

Cinema | Leva-me à Lua

27 dez 2019 20:00

Desde sempre que a lua nos observa e nós a ela, e desde sempre, contadores de histórias sonharam como seria até lá viajarmos. No cinema, muitos foram os filmes que nos levaram em viagens para lá do planeta Terra.

O clássico do cinema mudo é sem dúvida Viagem à Lua, de Georges Méliès, de 1902, inspirado em inúmeras histórias de viagens à lua, incluindo as de Júlio Verne, em que um grupo de exploradores consegue não só chegar à lua, como trazer um habitante lunar para a terra.

O sucesso de Méliès foi estrondoso e o filme circulou pelo mundo, sendo copiado profusamente. Nestas viagens à lua, e no caso do cinema mudo, existem muitas curiosidades, como o facto de este ter sido um filme planeado para acompanhamento sonoro.

Os filmes mudos nunca foram mudos: a ideia era a de o filme ser sempre acompanhado por música e até mesmo por narradores que orientariam a audiência em relação ao que se passava no ecrã. Algo que talvez surpreenda é sabermos que este filme, como outros de Méliès, não é somente monocromático; existem versões da época que são coloridas, um trabalho meticuloso que era realizado à mão, com cada fotograma colorido individualmente.

Sim, pode surpreender, mas o cinema mudo era na época acompanhado por som e trazia por vezes a cor da vida. No campo da ficção científica do século XX, 2001: A Space Odyssey, de Stanley Kubrick, de 1968, talvez seja dos filmes que mais marcaram gerações, com uma ligação imediata no início do filme, através da montagem, que nos diz que desde sempre estivera na nossa mão a capacidade de usar a tecnologia para sairmos do nosso planeta e viajarmos pelo espaço.

E porque na imagem em movimento passar do cinema à televisão é um pequeno passo, ocorre-me um clássico da infância, a série Espaço 1999, onde uma equipa de cientistas divaga pelo espaço quando a lua, que se tinha transformado numa estação espacial, sofre uma explosão que a faz sair da sua órbita e viajar sem rumo.

Barbara Bain e Martin Landau, os principais actores, semana após semana, partilhavam connosco a sua aventura trágica, encontrando mundos e criaturas exóticas, sempre impossibilitados de regressar ao planeta Terra.

Anos mais tarde, foi Solaris, o filme de 1972 de Andrei Tarkovsky, que me prendeu o imaginário; em que o belo e o sublime se encontram, a capacidade humana de alterarmos o que é tangível através da tecnologia, mas a impossibilidade de trazermos para a vida quem morreu, de haver algo, a alma, que está irremediavelmente para lá do nosso alcance.

E por último, mais recentemente, Moon, de 2009, realizado por Duncan Jones, outro exemplo de perdermos e encontrarmos a Humanidade no espaço e na tecnologia. O Inverno chegou, está frio lá fora, fechemos-nos em casa a ver filmes, aproveitemos para viajar até à lua.