Opinião
Cinema e TV | Vivarium, definitivamente, não é para todos
A premissa é simples: um casal procura uma casa e um agente imobiliário leva-os para um bairro labiríntico onde as casas e as ruas são todas idênticas, e que, para piorar, aparenta não ter saída
Vivarium é um filme de Lorcan Finnegan, o primeiro filme que vejo do realizador, e foi estreado em Março de 2020. Poderá ser lento e abstrato e certamente não agradará a todos mas, para aqueles que procuram algo novo, criativo e um toque de bizarria, pode ser uma boa opção.
A premissa é simples: um casal procura uma casa e um agente imobiliário leva-os para um bairro labiríntico onde as casas e as ruas são todas idênticas, e que, para piorar, aparenta não ter saída. São então forçados a viver num mundo completamente insípido, sem pessoas. Esta sensação de ficar preso numa casa, num tempo aparentemente interminável, fez todo o sentido estrear na época que estávamos a viver: a pandemia covid-19. Todos nós vivemos o que este filme transmite.
Apesar de todo o argumento diferenciado e bizarro, os poucos atores que há no filme fazem um ótimo trabalho.
O desenvolvimento das personagens, e alguns momentos até subtis, deixa o filme mais interessante concebendo várias questões, especialmente a incógnita do ambiente daquele bairro peculiar. As emoções de Imogen Poots e Jesse Eisenberg, bem como suas transformações, deixam claro a sensação de sufoco de estar num mundo fechado quando, num momento inspirado, têm como missão criar um bebé que aparece de surpresa na casa.
O filme não é previsível mas o final fez bastante sentido. Achei que o filme soube encerrar bem as cenas não caindo no clichê. Fez-me lembrar Cube, de 1997. Embora seja um filme diferente, psicologicamente torna-se semelhante.
Como disse, a premissa é simples, e arrisco até a dizer que dava só como curta-metragem. No entanto, a arte minimalista do filme é boa e para quem é fã de uma realidade distorcida, é uma 1 hora e 37 minutos de bom cinema.