Opinião
Covid-19 - Perigo Iminente
Todos nós fomos alertados que devemos estar preparados para o pior, pelo que se impõe a pergunta: estão a fazer tudo para evitar esse pior ou se só serão tomadas mais medidas quando o pior aparecer?
É uma inevitabilidade abordar a doença Covid-19 que tanta preocupação, angústia, receio e incerteza gera no nosso país, tendo mesmo levado a que fosse instituído o Estado de Emergência, decisão que em minha opinião só pecou por tardia, após os alertas da comunidade científica e de algumas medidas tomadas pela sociedade civil e empresas.
E porque se deve agir com antecedência, perante a rapidez com que a doença evolui, com necessidade de a diagnosticar o quanto antes, manifesto desde já e sem hesitações, aproveitando a experiência de outros países, que se deve passar para a fase de realização de testes em massa na população, medida que não deve ser mais adiada, a não ser que estejam em causa motivos economicistas ou então que estejamos perante um erro de previsão não existindo disponibilidade de kits de diagnóstico em número suficiente para as necessidades!
Todos nós fomos alertados que devemos estar preparados para o pior, pelo que se impõe a pergunta: estão a fazer tudo para evitar esse pior ou se só serão tomadas mais medidas quando o pior aparecer?
Creio que terá que existir capacidade de previsão e de agir em conformidade para que não se corra depois atrás do prejuízo!
Tem que prevalecer a aposta na antecipação e tomadas as medidas rigorosas que se justifiquem tomar por quem tem a liderança e a responsabilidade na salvaguarda da saúde e da segurança de todos.
Está em causa o controlo desta doença, transmitindo tranquilidade e confiança, sobretudo naqueles que até agora não foram considerados prioritários para a realização dos testes, mas são os que têm maior risco pelas comorbilidades de outras doenças crónicas que possuem e naqueles que se suspeita que possam ter a doença, mas não apresentam ainda sintomas.
A realização dos testes em massa é uma medida mais efetiva para quebrar as cadeias de transmissão e utilizada para minimizar a propagação do vírus.
Até porque, ao que parece, a fase 1 de contenção e a fase 2 de contenção alargada não correram assim tão bem e já estamos na fase 3 de mitigação da doença, que é a fase mais grave do corona, de nível vermelho, o mais elevado, a qual exige que se apliquem medidas que garantam a adequação e a sustentabilidade no controlo da pandemia.
Uma outra medida imediata é a premência de assegurar uma maior segurança dos profissionais de saúde, providenciando os recursos suficientes e os meios extremamente necessários na efetivação do seu trabalho, nomeadamente, os equipamentos de proteção individual.
Está definido que os “profissionais de saúde são considerados um grupo de risco de exposição ao vírus, pelo que as medidas de proteção individual devem ser cumpridas rigorosamente.”
Estranhamente, não está a ser cumprido.
Por tão prioritárias, tamanha carência só pode ser entendida como mais uma subavaliação desta pandemia.
Esta está a deixar bem evidente as fragilidades e as dificuldades do SNS em cumprir a sua missão, tais são as carências em recursos humanos e em investimento em infraestruturas e equipamentos.
Basta atendermos nas múltiplas manifestações de solidariedade e apoio da sociedade civil, de empresas e de autarquias, etc, que reconhecendo isso, logo se prontificaram a disponibilizar meios financeiros e equipamentos, comprovando essas carências e insuficiências, que já não são mais possível negar e que persistem sem resolução, e que só vêm reforçar as tomadas de posição de protesto que muitos têm assumido ao longo dos anos.
Assim como era expectável, após a presença deste vírus noutros países e ao chegar a Portugal meses depois, que estivéssemos melhor preparados e prevenidos para responder e agir com outra eficácia.
O que deveria constituir-se numa vantagem para não nos encontrarmos desprevenidos, faz supor a existência de uma falha de avaliação, de planeamento, de organização e de apetrechamento de meios e recursos a afetar à prestação de cuidados de saúde.
O que leva a que talvez tenha existido um otimismo imprudente, de que não seriamos tão atingidos como estamos a ser na propagação, na importação de casos ou na probabilidade da transmissão secundária, pessoa a pessoa.
Perante a preocupação e receio que a todos envolve, é natural que existam muitas questões, interrogações e esclarecimentos a dar.
Mas este é um caminho que não pretendo alimentar ou desenvolver.
Agora, é tempo para uma contínua união nesta luta terrível, não para prestação de contas.
Essas terão de ser prestadas no seu devido tempo, sendo esta a hora de todos continuarmos a dar a melhor resposta nos cuidados de saúde à avaliação e tratamento dos doentes.
São tempos difíceis, é tempo de FICAR EM CASA!
Ninguém deve facilitar, porque o êxito deste combate sem tréguas ao vírus depende do comportamento de cada um, contribuindo para a proteção de todos, pelo que ninguém pode ficar de fora e todos têm de colaborar, levando a sério as medidas e os alertas que continuamente têm vindo a ser transmitidos.
Daí a insistência nos cuidados e medidas que cada cidadão pode e deve ter para promover a sua saúde e prevenir o que pode ser evitado ou, pelo menos, as suas consequências diminuídas.
Obtenha toda a informação sobre esta doença e medidas estipuladas, recorrendo a fontes idóneas e credíveis, recomendando o site da Direção Geral de Saúde, em “DGSOrientações” e https://covid19.min-saude.pt.
Ai ficará a conhecer as medidas que tem obrigatoriamente que cumprir, que esta é uma doença viral aguda, com uma contagiosidade elevada, disseminando-se rapidamente entre a população, particularmente em ambientes onde há maior concentração humana.
É uma pandemia perigosa, silenciosa, ainda pouco conhecida e sem tratamento específico, com uma evolução mais grave nos grupos de risco, essencialmente constituídos pelos idosos e por todos aqueles, de qualquer idade, que possuam doenças crónicas pulmonares, cardíacas, renais, hepáticas, diabetes, imunodeprimidos (doenças oncológicas, HIV, outras), que apresentam maior gravidade ou mesmo perigo de morte, por agravamento destas doenças ou/e por instalação de pneumonia.
Termino, reconhecendo que este é um grande desafio que todos temos pela frente.
Implica um esforço coletivo na prevenção e controlo da doença, não tolerando e reprovando atitudes levianas e comportamentos de risco de alguns.
Sem tibiezas e sem hesitações, com verdade e com determinação, devemos acreditar que todos juntos vamos conseguir, com fé redobrada, com a tranquilidade e confiança possíveis e que não faltará a coragem para fazer o que deve ser feito.
Com um desfasamento de cinco dias entre a elaboração deste artigo e a sua publicação, espera-se que as medidas tomadas para controlo desta pandemia tenham feito evolui- -la de forma mais sustentável.
Deixo-vos assim com um sábio ensinamento de Santo Agostinho, 350 DC, muito antigo, mas sempre muito atual nas nossas vivências: “Enquanto houver vontade de lutar, haverá esperança de vencer.”