Opinião
De Lamas e Boaventuras, livrai-nos, também, Senhor!
Nos últimos dias, percebeu-se que a perversão humana não estava entregue somente aos espaços e pessoas tocados pelo cristianismo
Acredito que os tempos não estão para trocadilhos desta dimensão. Assim como os nomes que evocam muito superam (ou superavam) no imaginário social a possibilidade de estarem sob qualquer mira de suspeita, nomeadamente a moral.
A verdade que as notícias nos trazem é que afinal no melhor dos panos pode cair a nódoa da denúncia. Não já da mera suspeita como do relato e imagem que acompanha actos e gestos menos dignos. Parece que não conseguimos a libertação daquela insensatez “biológica” que se faz acompanhar dos impulsos menos honrosos e dignos, devastadores de vidas e completamente inqualificáveis para qualquer tipo de perdão.
Sobre o assunto muito se tem escrito, falado e comentado com alguma facilidade e aleivosia sempre que à Igreja e seus membros diz respeito. Não questiono. É tempo de purificar e de nada deixar por esclarecer ou validar. Sem fronteiras ou limites. Venham mil Comissões se for preciso!
Nos últimos dias, percebeu-se que a perversão humana não estava entregue somente aos espaços e pessoas tocados pelo cristianismo. É bem maior e bem mais transversal no que ao campo dos sujeitos perpetradores diz respeito. Crentes ou não crentes, habitantes de altares ou de cátedras, de negro vestidos ou de cores e panos bem mais garridos.
Contudo, há aqui uma nota que não deve deixar de ser dita. Que neste mundo de gente indigna muitos, e outros há, que vão fazendo da sua vida um exercício de virtude. Mesmo que longe da perfeição, muitos há que vão fazendo de cada dia uma conquista no que à entrega ao seu semelhante, às suas causas e ao seu Deus diz respeito.
Sim. É tempo de não deixar o nosso Clero abandonado e entregue a si mesmo. Como responsáveis pela construção e dinamização de comunidades precisam que os seus fregueses voltem a verbalizar o quanto acreditam e esperam deles.
Porque no meio de alguns menos dignos, continuo a acreditar e a conhecer muitos outros que não só merecem a consideração e admiração como a confirmação de que o seu projecto de vida continua a fazer sentido e a ser inspirador. E referência! E necessário! Cuidemos dos nossos padres. Precisamos deles para cuidar de nós!
Nestes dias pascais, o título destas linhas inspira-se na ladainha que ecoa na vigília da noite do sábado, a certeza maior que a ressurreição traz aos crentes: a luta contra o mal nunca estará terminada, mas tem uma garantia de vitória, contudo precisa do melhor de cada um de nós! De todos! Há um mundo a melhorar.