Opinião
De rastos
O Verão aproximava-se lesto. Com ele o tempo de férias. Para preparar casa para o tão merecido quanto desejado repouso, quiçá tempo de diversão, por mim e para a família, fui até à Aldeia Lusitana, Óbidos.
Chegado ali dei-me com pessoal a alindar o aldeamento. Relva aqui, amores-perfeitos ali, gota-a-gota mais além. Nesta azáfama de joelhos, de rastos enlameados, um dos jardineiros, cônscio da sua tarefa, ao responder à saudação de 'boa tarde mestre' disse “gosta?”
E o que poderia eu dizer? Nunca o havia visto. Enquanto isto respondi-lhe: acho que vai de vento em popa! “Sabe, é que eu não sou jardineiro”. Então? “Era GNR”. Pensei que estivesse a brincar comigo. Mas lá ganhou mais à-vontade. E desatou a lamentar-se. “A reforma não chega e temos que agarrar estes trabalhitos.”
E continuou de rastos ajardinando. Percebi que o homem fora agente da ordem, agora via-se jardineiro. Não é que isso seja demérito para alguém. “Coitado”, disse para comigo. Arrumou a nobre farda e bem assim teve de enfardar uns maltrapilhos só porque o Estado patrão não assegura subsistência bastante aos seus servidores.
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*Mestre em Gestão