Opinião
Democratização do ócio
Leiria sem festa, apetece dizer, é como um Aperol sem Spritz, como um melão sem presunto, ou uma morcela sem arroz
Assistimos nas últimas semanas à consolidação generalizada do mau tempo, ao mesmo tempo que se nota o esforço de promoção de inúmeras actividades lúdicas. Comer, beber e dançar continuam a provar uma fortíssima dinâmica, faça chuva ou faça sol!
O imparável empenho de todos os agentes envolvidos, tanto privados como públicos, são testemunho de dinâmicas sociais e económicas particulares a esta praça. Leiria sem festa, apetece dizer, é como um Aperol sem Spritz, como um melão sem presunto, ou uma morcela sem arroz.
Quando se pensa na riqueza e na diversidade que hoje marcam o território urbano (mas também rural) da região, deve este enquadrar-se em tipologias de desenvolvimento marcadas por rituais celebratórios vocacionados para o “ócio” (de acordo com o léxico espanhol que nos afronta).
Essa democratização do dito ócio encontrava-se geralmente ligada à grelha, onde se assavam suínos inteiros ou em partes. A superação do binómio ócio/brasas é em si mesma marca importante do novo caminho a trilhar, onde se posicionam museus, artes e festivais de culturas alternativas (sem esquecer o lugar sempre marcado para a chamada “música jazz”).
Esta diversificação da oferta não fará parte de um programa pré-estabelecido, mas da inevitável tendência para correr atrás de uma paisagem humana que se altera e que impõem novas regras/novas clientelas. Ainda bem! Pois parece anunciar-se a chegada de uma season particularmente silly, entre o rufar dos tambores de guerra e as surpreendentes águas de Junho/Outubro a baralhar qualquer possibilidade de organizar a vindima que rapidamente se aproxima.