Opinião
Do prado ao prato sem pesticidas químicos
As pessoas e os animais ao alimentarem-se com plantas que foram tratadas com pesticidas químicos ingerem esses pesticidas
Os pesticidas inertes ficam na superfície das plantas, podendo ser lavados antes de estas serem consumidas. Pelo contrário, os pesticidas químicos são absorvidos pelas plantas e depositam-se dentro das suas raízes, caules, folhas, flores, grãos e frutos.
As pessoas e os animais ao alimentarem-se com plantas que foram tratadas com pesticidas químicos ingerem esses pesticidas. O DDT foi primeiro pesticida químico e começou a ser usado em 1945.
Em 1962 a bióloga Rachel Carson publicou um livro que se iria tornar famoso, “A Primavera Silenciosa”, em que demonstrou as razões pelas quais os pesticidas químicos são contraproducentes e não devem ser usados, a saber:
1 – Porque as pragas tornam-se resistentes aos pesticidas químicos, obrigando ao emprego de pesticidas químicos mais fortes e em quantidades maiores.
2 – Porque matam insectos e os pássaros que controlam naturalmente as pragas.
3 – Porque matam plantas, pássaros, peixes e insectos destruindo os ecossistemas naturais.
4 –Porque são ingeridos, e acumulados, pelas pessoas ao longo da sua vida originando problemas de saúde.
A publicação deste livro, “A Primavera Silenciosa”, informou o público e levou os governos a decretar a proibição do DDT em 1970 na maior parte dos países desenvolvidos.
Depois da proibição do DDT, os cinco maiores fabricantes mundiais lançaram novos pesticidas químicos.
Criaram também um poderoso lóbi de desinformação para convencer políticos, agricultores e populações que os pesticidas químicos não são perigosos e que só é possível alimentar o mundo usando-os. E tem-no conseguido.
Actualmente na Europa gastam-se por ano doze mil milhões de Euros de pesticidas químicos!!!
No entanto todos os estudos científicos independentes (não financiados pelos fabricantes) demonstram que os pesticidas químicos estão a degradar os ecossistemas e a aumentar a incidência de doenças humanas.
Um estudo da Universidade de Coimbra, feito em 2020, detectou que as crianças portuguesas têm uma concentração elevada de pesticidas químicos (Glifosato) na urina. As populações de pássaros que se alimentam nos campos agrícolas diminuiu 18%.
As populações de insectos diminuíram 35%, o que coloca em risco a polinização das culturas agrícolas.
Para corrigir esta situação grave a União Europeia aprovou em 2020 o plano “Do Prado ao Prato” que determina uma redução da utilização de pesticidas químicos para metade até 2030.
O plano foi aprovado, mas tem sido sucessivamente adiado pela influência do lóbi dos fabricantes de pesticidas químicos e é necessário o esclarecimento e a participação dos cidadãos europeus para o concretizar.