E se o Nuno Melo tivesse frequentado as aulas de cidadania?

Nuno Melo é o líder do partido do Centro Democrático e Social, mais conhecido por CDS- Partido Popular. Este partido conservador e inspirado pela democracia cristã é também o partido que integra a Aliança Democrática e que concorre às próximas eleições legislativas juntamente com o PSD e o PPM, que é o partido que defende a restauração da monarquia em Portugal. Talvez por esta e por outras razões esta união política de direita faça na verdade todo o sentido.

Já imaginaram o Dom Duarte Pio de Bragança a chegar de coche ao Palácio de Belém e a dialogar com os partidos políticos portugueses sobre as grandes decisões do País? Provavelmente para o Nuno Melo faria sentido esta dinâmica monárquica e a conservação inabalável dos valores conservadores de antigamente. Só assim se compreende a criação de uma petição pública criada e assinada em 2020 pelo líder do CDS para alterar ou acabar com a disciplina de cidadania e desenvolvimento nas escolas.

Ao constatarmos este facto surge sempre a dúvida da razão para tal discórdia em relação às aulas que são leccionadas no 1º ciclo do básico e no secundário de uma forma transversal nas diferentes disciplinas e no 2.º e 3º ciclo através de uma disciplina autónoma.

Temas como a interculturalidade, os direitos humanos, desenvolvimento sustentável, educação ambiental e saúde estão incluídos no programa desta disciplina que pretende contribuir para a formação de jovens cidadãos “responsáveis, autónomos e solidários, que conhecem e exercem os seus direitos e deveres em diálogo e no respeito pelos outros…” tendo como referência máxima os valores dos direitos humanos. Também é nesta disciplina onde são abordadas questões como a igualdade de género, o respeito pela orientação sexual de cada um e onde se aprende a saber distinguir os diferentes métodos contraceptivos.

Nuno Melo e todos aqueles que não conseguem compreender a importância destas temáticas que constroem um cidadão mais empático e mais respeitador das diferenças de cada um, estarão provavelmente a pensar única e exclusivamente no seu “quintal” lá de casa e nos vizinhos que os rodeiam.

Pessoas com cargos políticos e que estão nas tomadas de decisão de todos nós a pensarem como um grupo único, exclusivo e restrito. Provavelmente se os “Nuno Melo” desta vida tivessem frequentado as aulas de cidadania e desenvolvimento na escola compreenderiam que todas as pessoas, sejam elas morenas, pálidas, amarelas e com cabelo liso ou ondulado… Que todas as pessoas, independentemente da sua crença ou religião, ou da sua orientação sexual… Todas elas são membros da Humanidade e devem ser protegidas da mesma forma, através da existência de leis que castigam aqueles que as descriminam pelas suas diferenças.