Opinião

Esperança, Vitinha… e indie-pop

14 jul 2024 16:24

Até que podíamos ter sido Campeões da Europa, outra vez. Para a próxima é que é

Têm sido uns dias levados do diabo… quem se lembrou de juntar jogos da bola impróprios para cardíacos a eleições ainda mais impróprias para corações perfeitamente saudáveis, devia ser chamado a uma comissão parlamentar para (não) dar explicações.

Isto de um dia não podermos ver franceses à frente e no outro quereremos abraçar todos os franceses que se nos atravessem à frente, devia ser proibido. Adoráveis sacanas, os franceses!

Por um lado, esfumou-se a esperança de um segundo caneco europeu, mas por outro, com os extraordinários resultados da coligação de esquerda nas eleições em França, renasceu a esperança numa Europa que não se rende aos miseráveis. Não passaram e não vão passar.

E esperança foi mesmo a palavra que mais vi repetida por essas redes sociais fora. As mesmas redes sociais onde esta gente mesquinha e maldosa espalha sem apelo nem agravo o seu ódio, transformaram-se, pelo menos por uns instantes, em “lugares” mais respiráveis.

É, certamente, sol de pouca dura, mas a esperança, essa, lembremo-nos sempre, nunca morre. Mesmo quando rodeada de adversários por todos os lados, arranja sempre maneira de escapar e seguir em frente. Reorganizada e pronta para resistir. Tal e qual como o Vitinha. Que jogador, o Vitinha. Desses também capazes de nos fazer acreditar em tudo.

Até que podíamos ter sido Campeões da Europa, outra vez. Para a próxima é que é. Não falha. Haja esperança, certo?

PS: Cheguei a esta página em branco com a ideia de deixar por aqui umas sugestões de discos para o Verão. O ano tem sido generoso em álbuns fantásticos e a coisa estava bem encaminhada na minha cabeça, até que estes temas menores do recuperar da esperança na humanidade e do talento do Vitinha se atravessaram no caminho do que poderia ter sido uma crónica bem mais interessante.

Enfim, é a vida a acontecer. Fica para a próxima (como o Euro), mas apontem pelo menos isto: “Compassion”, álbum de estreia de Rui Gabriel - não, não é um cantor pimba e nem sequer é português. Uma pérola surpreendente de indie-pop. Pegadiço e fresco, como o Verão exige.