Editorial

(In)diferença na educação 

8 fev 2024 08:02

É desejável sensibilizar a comunidade escolar, para que todos compreendam as características do autismo

O aumento dos casos de autismo é uma realidade que deve merecer atenção e reflexão, como se pode depreender do trabalho de abertura deste jornal. O tema é sensível, porque envolve crianças e jovens, e tem repercussões nas famílias, na escola e, em última instância na própria sociedade.

São conhecidos, bem perto de nós, vários casos de adolescentes diagnosticados com Perturbações do Espectro do Autismo, que acabaram a contas com a justiça, por actos irreflectidos, supostamente potenciados por perturbações do neurodesenvolvimento de que eram portadores.

Segundo os especialistas, esta perturbação no desenvolvimento do cérebro, gera, por norma, dificuldades de comunicação e nas interacções sociais, podendo originar padrões de comportamento, interesses e actividades, fora do habitual.

Perante isto, é fundamental que a sociedade e o sistema de ensino estejam preparados para acolher e integrar estes jovens, com seriedade e compromisso, garantindo-lhes o acesso a uma educação de qualidade e às mesmas oportunidades de aprendizagem e crescimento individual. Num mundo que se quer inclusivo, é decisivo não só capacitar os profissionais de educação para lidar com as especificidades deste tipo de perturbação, mas ir mais longe, e, porque não, adaptar as estruturas físicas e os processos curriculares.

É desejável sensibilizar a comunidade escolar, para que todos compreendam as características do autismo e saibam agir de forma empática, procurando identificar e responder às necessidades individuais de cada aluno.

É preciso, como defende uma das psicólogas ouvidas pelo JORNAL DE LEIRIA, investir em formação especializada para docentes e promover uma articulação próxima entre educação, saúde e família.

Alguns destes objectivos têm sido alcançados, por exemplo, no Agrupamento de Escolas Domingos Sequeira, mas nem sempre com os resultados desejados, devido ao problema do costume: falta de recursos humanos.