Opinião

It’s a kind of feeling insular

14 mar 2019 00:00

Agarramo-nos a medos e (in)seguranças vazias no quentinho da lareira de sonhos hibernados.

Este verão não é o meu. Esta história não é a minha.

Nesta varanda tropical onde me sento agora, reconheço apenas a toalha e os calções. Vieram numa mala com excesso de bagagem de um longo e penoso inverno.

Para dizer a verdade, agora que me sento na varanda equatorial, já não sei dizer o que pesava mais. Se a tralha, se o inverno. Este corpo não era o meu. Esta história não era a minha.

Às vezes vivemos tempo de mais em invernos gastos. Rarefeitos. Algures, a ideia de um verão imaginado que quanto mais depende de nós, mais longe fica.

Agarramo-nos a medos e (in)seguranças vazias no quentinho da lareira de sonhos hibernados. Adormecidos como nós. Ligeiramente confiantes de que chegará o tempo de fazer tudo em dias sem tempo para nada.

Nesta varanda tropical, não consigo deixar de pensar no que me levou a querer começar tudo de novo. Se o desejo, se a necessidade. Se a tristeza, se a felicidade.

Começar de novo é um parto difícil. Mas será, porventura, tão prometedor como nascer pela primeira vez. Vistas bem as coisas, não há ser humano que chegue ao mundo sem desatar num desconfortável berreiro de quem chora sem saber ao que vem.

Onde vai. É

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