Opinião
Letras | Lantânio, José Luís Costa
Um livro muito divertido, que apela ao nosso sentido mais adolescente
Esta é uma edição da Flan de Tal, Colecção Poesia “elemeNtário” número 14 dos autores que participaram nestes primeiros quinze elementos poéticos.
O Lantânio ocupa a posição 57 na tabela entre os actuais 118, e merece na escrita de José Luís Costa a poesia do desacontecimento.
Lantânio é afinal um adolescente de seu nome Leonardo, de quinze anos já desaparecido e que vagueia pelo mundo aprendendo as suas raízes e tentando descortinar porque raio é um metal, ainda que fantasma.
Lantânio em grego significa “aquele que está escondido” e como tal o nome mais apropriado para se ser fantasma. Um fantasma adolescente com as perturbações normais de fantasmas adolescentes: assombrar as pessoas pela casa, pelas cozinhas, na piscina ou no mar, etc. O problema é o sal... arde as órbitas e isso mete medo a qualquer um (ainda por cima sendo fantasma).
Mas também tem medo de calendários e ecrãs. No primeiro caso nem sabe bem porquê, pois ainda era jovem quando desapareceu, mas talvez se devesse ao tempo correr muito depressa. E os ecrãs porque podem os fantasmas ser apanhados. A menos que sejam os Óscares (aqueles fantasmagóricas estatuetas são muito apelativas).
Mas agora é um emprego a tempo inteiro e Lantânio descobrindo coisas novas, muitas delas mostrando-lhe estar errado, reconhece “um fantasma transforma-se em metal errante errando errado para sempre” ser um emprego para uma eternidade inteira.
Um livro muito divertido, que apela ao nosso sentido mais adolescente, na busca de respostas bem mais profundas sobre o propósito da vida e o que esperamos da morte.