Opinião
Letras | Outras leituras
Aqui distingo o singular e abundante serviço que nos prestam as revistas literárias
Quando do jornal me pediram um título para esta minha rubrica mensal que se alonga já há alguns anos, nem hesitei: Leituras. É que estes textos que aqui trago não são divulgação, nem sinopses e, muito menos, crítica literária. São apenas Leituras.
Só que isto das Leituras não se me fica pela assimilação mais ou menos agradável de diferentes obras de ficção ou de poesia, se bem que sejam estas as que mais nos/me atraem. Mas como chegam elas ao nosso conhecimento? Como sabemos de que tratam ou se, porventura virão ao encontro das nossas preferências? E aí, já que não podemos cirandar de festival literário em festival literário, há que lançar mão de jornais e de revistas literárias (agora que estão mortos e enterrados os saudosos suplementos literários que alguns jornais publicavam) e de livros de (bons) artigos e ensaios. Lembrar, a propósito, que ao ensaísta, tradutor, crítico literário e ex-professor da FLUL João Barrento foi recentemente atribuído o Prémio Camões pelo seu extraordinário trabalho nomeadamente na divulgação da literatura e cultura alemãs e na criação e direção do Espaço Llansol que fixou e expandiu o espólio literário da escritora Maria Gabriela Llansol (1931 – 2008).
É neste contexto que, em jeito de (re)conhecimento, aqui distingo o singular e abundante serviço que nos prestam as revistas literárias, designadamente a Colóquio/Letras, a Revista Ler e o distinto Jornal de Letras – restringindo-me naturalmente às minhas consultas habituais.
“De caráter vincadamente ensaístico”, incluindo artigos de investigação, leituras críticas e “inéditos de poesia e ficção de autores contemporâneos consagrados e jovens”, “quase em exclusivo de língua portuguesa, a nossa, a brasileira, as africanas e a galega”, a Colóquio/Letras nasceu em 1971, da responsabilidade editorial e redatorial da Fundação Calouste Gulbenkian, e tem publicação quadrimestral. Cada número publicado é dedicado a um autor específico de grande recorte literário. Foi inicialmente dirigida pelos Professores da FLUL Hernâni Cidade e Jacinto Prado Coelho, depois pelo Professor e poeta David Mourão-Ferreira e atualmente é dirigida pelo Professor e poeta Nuno Júdice.
Lançada em 1987 pelo Círculo de Leitores pela mão do escritor António Mega Ferreira, a Revista Ler é “uma revista de cariz literário, mas não para literatos, dirigindo-se a todos os meios sociais e culturais” tendo em vista “a curiosidade permanente pelos livros e pela arte de ler, conhecer e pensar”. Tendo passado, ao longo dos anos, por alguns momentos menos produtivos, é, desde que o escritor Francisco José Viegas se fixou na sua direção (2008) um amplo espaço de informação literária, de divulgação editorial e sinótica, de artigos que podem ir de Raul Brandão ou de Jim Harrison até à atualíssima Inteligência Artificial, de entrevistas improváveis, de crónicas provocatórias. Muito boa! Sai com as estações do ano.
Quinzenal e igualmente de leitura obrigatória para quem gosta destas coisas da leitura e da escrita é o Jornal de Letras que vai no seu 43.º ano de vida sob a notável direção do jornalista José Carlos de Vasconcelos.
Aprende-se tanto lendo!