Opinião
Letras | Poemas, Friedrich Nietzsche
Paulo Quintela apresenta-nos neste livro traduções inéditas
Obra traduzida para língua portuguesa com enorme labor do tradutor compulsivo que foi Paulo Quintela. Via no autor e nos limites da língua o desafio de ir mais além. É até desse desafio que surge o texto bilíngue mantendo assim a integridade na língua-mãe (sempre considerou o filósofo um poeta que revolucionou a própria língua germânica) e construir a ponte para a complexidade que também é a língua de Camões. Serve ambas como hino à língua, à palavra, enfim à capacidade de buscar nas disformidades um fio condutor que a obra e pensamento do autor de Assim Falou Zaratustra nos deixou e que ainda hoje é objecto de estudo e de discussão.
“Filósofo lírico lhe têm chamado […] que a palavra é insubstituível na amplitude do seu conteúdo e na especificidade da sua esfera vivencial. Por isso mesmo é Nietzsche uma voz única não só na poesia alemã como na poesia europeia em geral; por isso ela está na base de toda a poesia moderna; por isso ainda é ponto de partida, com Kierkegaard, das mais recentes correntes filosóficas […] por isso – e não finalmente – a sua psicologia se reflete nas escolas de Freud e seus continuadores”.
Encontramos neste livro um conjunto de poemas que advêm dos Ditirambos Dionisíacos bem como fragmentos do mesmo, outros que foi publicando e ainda Cinco Canções de Zaratustra – Poemas em Prosa.
Paulo Quintela apresenta-nos ainda neste livro traduções inéditas como em Fragmentos Póstumos, O novo Colombo, Ventura, ó Ventura e O Halciónio.
“Sê prudente, Ariadne!... Tu tens orelhas pequenas, tens as minhas orelhas: Mete nelas uma palavra prudente! – Não temos de odiar-nos primeiro, para nos podermos amar?... Eu sou o teu labirinto…”
Diónisos In Ditirambos Dionisíacos.