Opinião
Liberalismo: fim da história ou do homem?
Ricos e pobres passam a ter acesso aos mesmos recursos e mesmas oportunidades. As desigualdades serão eliminadas.
Francis Fukuyama publicou em 1992 o livro Fim da História e o Último Homem onde defende que após 70 anos de avanços o comunismo perde definitivamente espaço para a democracia e o capitalismo liberal.
O fim da União Soviética, a reunificação da Alemanha e a transação económica nos países da Europa de Leste para sistemas de mercado capitalistas ditam o fim do comunismo e dos modelos económicos centralizados.
Para Fukuyama, o modelo capitalista, a democracia e o liberalismo económico são a melhor e única alternativa de sobrevivência para os países do antigo Pacto de Varsóvia.
O fim da União Soviética e da sua esfera de influência provocaram o avanço do capitalismo, o modelo económico liberal é o melhor caminho para os países desenvolvidos e os que pretendem atingir o desenvolvimento não havendo alternativa.
Não há necessidade de pensar em alternativas políticas e económicas porque a democracia liberal irá proporcionar igualdade de oportunidades, liberdades sem paralelo e todos, ricos e pobres, seriam capazes de atingir os seus objetivos.
Segundo Fukuyama tanto para os países desenvolvidos como subdesenvolvidos, a democracia liberal é a única “aspiração política” que permite a união entre regiões e culturas por todo o mundo.
Ricos e pobres passam a ter acesso aos mesmos recursos e mesmas oportunidades. As desigualdades serão eliminadas.
Quase trinta anos após o Fim da História e o Último Homem, a história continuou… os modelos liberais transformaram o mundo desigual num mundo ainda mais desigual.
Os ricos nunca foram tão ricos e os pobres tão pobres. Milhões morrem todos os anos de fome em África e milhares são assassinados um pouco por todo o mundo só por pensarem de forma diferente dos poderosos.
Dezenas de mulheres são brutalmente assassinadas só por serem mulheres, milhares são apedrejados até à morte só por ter diferentes opções sexuais fora dos “padrões” definidos pelas diferentes religiões.
Mesmo nos Estados Unidos milhões não têm acesso a cuidados médicos básicos por falta de recursos financeiros.
Na Europa os partidos xenófobos e fascistas são c ada vez mais populares e disputam a chefia de alguns governos. É urgente pensar em alternativas políticas e económicas ao liberalismo.
Se é verdade que o sistema económico soviético não era opção, não é menos verdade que o liberalismo e o neoliberalismo também não o são. O Fim da História está longe, mas o fim dos homens pode estar perto.
Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990