Opinião

Marketeer a dias | Admirável Mundo Novo, de Novo!

9 abr 2023 11:02

Cada marca trabalhada por um profissional é um universo inimitável

Chegou a Primavera e fui-me com as abelhas. Pequeninas, voadoras, esvoaçantes, andam de flor em flor a ensaiar voos e zunidos e a construção do melhor néctar a partir de si e da sua ousada inquietude. Cada flor tocada é parte de uma dança inocente. E cada pólen colhido é o que de mais belo compõe o mundo, que só assim cresce e se multiplica e gera vida. A diversidade.

Cada flor é única. (Cada marca trabalhada por um profissional é um universo inimitável). E para a abelha isso é quanto lhe basta para saber que cada uma importa, e cada qual compõe o seu ecossistema. Uma flor colhida, ou morta, é uma oportunidade irreparavelmente perdida de garantir a continuidade de um ciclo que garante a vida da colmeia. A abelha, tal como eu, não aprecia receber flores para as pôr em jarras. e é nos vasos ou nos vastos canteiros do mundo que encontra realização. 

Pudessem as abelhas pensar além do instinto, e já não produziriam o seu mel. A mescla de néctares e o reconhecimento inato do trabalho de cada uma das suas parceiras traduz-se em mel porque é alheio ao pensamento. Não se compara. Apenas se soma. Não se saboreia. Apenas alimenta. Muitos.

Pequenina, a abelha garante a continuidade do mundo. Nas suas asinhas carrega o futuro de gerações e não apenas a sua ou a da sua espécie.

Como ter medo delas? Ou nojo de as observar ao perto? Como evitar ser também abelha e tocar as flores por lhes reconhecer cor e vida e o querer acordar a cada novo dia? Que encanto será maior do que descobrir que foi a sua ousadia que a fez produzir o seu melhor e encontrar a mais fina flor da sua curta existência?

Se não é bem melhor enebriar-me na realidade das coisas do que pensar sobre ela?

Pudesse a Marketeer ser assim. E quase é, num acumular de experiências que fazem dela muito mais rica e enriquecedora. Porque vive. Muitas vidas para além da sua colmeia. E compreende muitas mais normas que não as da sua hierarquia; mas a ordem natural das coisas que na natureza vivem em simbiose, e nos mercados permutam sob a mão invisível a que os pensadores chamam de zeitgeist, espírito do tempo. A Marketeer só não pode ser assim, como a abelha, porque devota muito do seu tempo a pensar sobre todos estes processos, e na composição do bouquet de flores que deseja para o seu néctar. Mas tal como a abelha sacrifica a vida pela comunidade, a Marketeer sacrifica as suas vivências, o seu conforto, tempo de lazer, progressão na comunidade que já a conhece e até os laços mais estreitos, em prol desse admirável mundo novo, cheio de cor e pólen fresco, sedento de quem nele ousar pousar. 

{Não é bzzzz bzzzzz bzzzz. É mesmo verdade: mudei de “ramo”, mas continuo a partir muito galho e desbravar mato, em busca de flores, no Admirável Mundo do Marketing.}