Opinião

Música | The Cure

18 out 2024 08:08

Anos inevitavelmente associados aos tempos de liceu e a tudo o que isso implica na vida de um ser humano, que frequentou nessa altura o famoso eixo Rodrigues Lobo – Centro Comercial D. Dinis – Terreiro

Tem sido notícia nos últimos dias o regresso dos The Cure aos discos, coisa que não faziam há 16 anos. Já rodam por aí os temas “Alone” e “A Fragile Thing”, singles de avanço de Songs of a Lost World, álbum que verá a luz do dia, ou a escuridão da noite, no dia 1 de novembro. Tendo em conta o histórico soturno da banda, o Dia de Finados parece-me uma boa data para o lançamento de um disco.

Posto isto, dei por mim a revisitar a extensa discografia deste grupo, que tanto marcou a minha juventude entre 1988 e 1992 – anos inevitavelmente associados aos tempos de liceu e a tudo o que isso implica na vida de um ser humano, que frequentou nessa altura o famoso eixo Rodrigues Lobo – Centro Comercial D. Dinis – Terreiro. Curiosamente, parece que é aí que os The Cure querem voltar, aos anos de Desintegration e Wish. E depois não querem que um tipo não recaia em movimentos de nostalgia? As festas de Carnaval no Hotel Liz, as noites de domingo no Panaceia Bar, a cassete gravada com o primeiro álbum Three Imaginary Boys para a miúda mais gira da turma, o célebre périplo ao concerto de Alvalade, uma certa passagem de ano numa determinada casa na Barosa ou as férias de verão na Praia do Pedrogão, são tudo momentos polaroid com banda sonora The Cure.

Depois deixei de os ouvir com tanta frequência, apanhei alguns concertos já não sei bem onde nem quando, e nos anos 2000 perdi-lhes mesmo o rasto, tirando uma ou outra vez que apanhava no Facebook ou na rádio, às sextas-feiras, o “Friday I´m in Love”. Era isso, ou a “sexta-feira”, do Boss AC. Ah, e nos meus sets de sábado à noite, metia muitas vezes a tocar o “10.15 Saturday Night”.

35 anos depois, cá estou eu a ouvir uma discografia extensa e sublime que vai do pós-punk e new wave à pop mais orelhuda, passando pelo gótico e indie. E não é que está a saber muito bem? Venha de lá esse disco novo, que fazemos já uma festa numa garagem qualquer.