Opinião
O futuro Parque Empresarial de Monte Redondo
Um bom exemplo regional é o Parque Tecnológico de Óbidos (também em fase de expansão) que tem como estratégia a formação local de um cluster de economia criativa inserido num território historicamente agrícola
Nos últimos tempos, instalou-se na região, através das câmaras municipais, uma política de expansão das zonas industriais, tais como em Porto de Mós, Batalha, Marinha Grande, Pombal e Leiria. No concelho de Leiria, a ZICOFA, apesar de ainda ter lotes vazios, o município decidiu avançar com o Parque Empresarial de Monte Redondo (PEMR) e que, até ao dia 21 deste mês, estará sob consulta pública.
A ideia seminal, que não é deste executivo camarário, visto que o processo teve a sua origem em 2003, é importante, porque assume como objectivo o desenvolvimento económico do norte do concelho e, nesse sentido, revela uma preocupação de coesão territorial. O PEMR tem cerca de 60 hectares e apresenta pontos fortes e fracos. Está bem localizado do ponto de vista das acessibilidades dada a sua proximidade à EN109 e à A17.
Da sua área total (594.668m2), cerca de 32% do espaço será dedicado a área verde e faixas de gestão de combustível. Cerca de 56% do PEMR será dedicado a lotes empresariais, serão 46 lotes com uma dimensão média de 7.240m2.
Este equilíbrio entre a área empresarial e a área verde/combate a incêndios demonstra que o projecto do PEMR está inserido numa lógica de sustentabilidade. A existência de uma zona para estacionamento de pesados pode sugerir uma porta de entrada para uma futura plataforma logística tão necessária numa região de internacionalidade como Leiria.
Mas o PEMR padece de um ponto fraco incompreensível. Não tem um plano estratégico para a sua ocupação inteligente. É algo do tipo: estão aqui os lotes, agora venha para cá quem quiser! Uma zona industrial tem de funcionar como um espaço de formação de clusters e serem criadores de “economias de localização”.
Os factores económicos para a formação de zonas industriais (ou distritos industriais) advêm das externalidades marshallianas (Alfred Marshall, 1890). As aglomerações industriais trazem os seguintes benefícios: formação de uma força de trabalho especializada, desenvolvimento de novas ideias que advém da acumulação de conhecimento e de capital humano, acesso a infraestruturas, serviços especializados, parcerias entre empresas e universidades (spillover de conhecimento).
Esta “economia de localização” é gerada pela proximidade física entre empresas que produzem bens e serviços similares. Um bom exemplo regional é o Parque Tecnológico de Óbidos (também em fase de expansão) que tem como estratégia a formação local de um cluster de economia criativa inserido num território historicamente agrícola.
A generalidade das evidências científicas conclui que as externalidades marshallianas estão na origem da prosperidade socioeconómica das regiões. A falta de um plano estratégico pode fazer do PEMR apenas uma manta de retalhos, sem a potenciação de “economias de localização” e, consequentemente, sem alavancagem da economia mais a norte do concelho.