Opinião
O incómodo da desinstalação
O encontro de culturas e de vivências bem distintas, quando mediado pela fé, afinal, agiliza a capacidade de encontro e de partilha
Terminados os dias nas dioceses chegaram a Lisboa e arredores os jovens para as JMJ. Até agora, várias foram as bibliotecas de artigos e opiniões (e horas de emissão) que se disseminaram a favor e contra. Nada de mais. Nada que não fosse esperado. Tudo serve para se ir à procura de mais um ponto para ajudar a argumentar conforme a convicção de quem escreve. Reflectir, analisar e alguma abertura a novidade é coisa mais difícil. Essa desinstala de tanto incomodar. E tanta juventude “alucinada” é estranho!
Acalmem-se os haters (“perfeitos e santos”) da “religião” católica e do Vaticano. A esta e este devemos uma parte da boa sociedade em que vivemos. E também sabemos que tanto no passado como no presente, não são ou foram incólumes à asneira.
Uma religião é a expressão cultural da vivência duma fé de um povo, de uma comunidade ou de um grupo. Estes dias não assistimos a um festival da religião católica. Não. Antes, percebemos que a fé, vivida no mais moderno país do mundo ou no canto mais escondido e primitivo, inspira a transformação do humano, rumo a um divino que se vai desmultiplicando em vivências únicas e inspiradoras.
Retomo o convite de um ateu confesso que, há anos, fazia muito furor quando nos convidava a destapar os olhos da cegueira e a fazer o esforço de passear entre o olhar e o ver e do ver para o reparar! Abrindo os olhos, olhando, vendo e reparando, o que temos encontrado? Jovens a fazer convites à guerra? Jovens a fechar-se nos seus mundos e cantos? Jovens a recusarem-se à festa da vida e da partilha? Jovens a serem incapazes de parar e a fazer os seus momentos de reflexão e meditação?
O encontro de culturas e de vivências bem distintas, quando mediado pela fé, afinal, agiliza a capacidade de encontro e de partilha. Deixa de ser estranho ou intrusivo, dizer olá e perguntar o nome, o que faz ou donde vem, convidar para uma roda ou para juntar a voz numa música mais ou menos conhecida. Também por cá, em Leiria. O resto? Memória para quem esteve ou mera liberdade de expressão exercitada.
Um dia, prefiro partilhar com meus descendentes que estive lá… e que também escrevi sobre o assunto!