Opinião
O lado oculto do associativismo
Há estudos recentes que mostram Portugal com o mais baixo “índice de associativismo” por habitante de toda a Europa!
O meu artigo anterior sobre economia informal tornou este inevitável, enquanto seu necessário complemento. A estatística dá por vezes conta de extraordinários fenómenos, coisas cujo estudo científico parece condenado à procrastinação. São frequentemente fenómenos das ditas ciências sociais, por oposição às naturais.
Sobre a divisão das ciências, cabe dizer que foi o ser na cultura quem a fez, ou seja, o ser em estado de não-natureza que vê o homem em seu estado natural como um ser carente de guia ou orientação espiritual, isto é, carente de luz, algo que a cultura e a educação propicia, o que o torna assim capaz de distinguir entre o verdadeiro e o falso, o bem e o mal (por outras palavras, o ser na cultura que acha que o homem não é, por natureza, como deve ser).
Mais modernamente, notou-se a convergência das vontades de verdade atidas às duas classes de ciências, e nesse sentido dir-se-á que a primeira classe quis objectivar-se e naturalizar-se, ao passo que a segunda, com menos visibilidade talvez, se abriu também ela à subjectividade e à incerteza. Mas vamos ao assunto: o número de associações de toda a espécie cresceu exponencialmente nas últimas décadas, um pouco por todo o mundo ocidental e, nomeadamente, em Portugal: apesar disso mantém-se, ou agrava-se, o diagnóstico da reduzida participação dos cidadãos, em particular dos portugueses, em actividades associativas.
Pior: há estudos recentes que mostram Portugal com o mais baixo “índice de associativismo” por habitante de toda a Europa! Como explicar isto à luz das teorias geralmente aceitas de ciências (objectivadas) como a psicologia social, a
sociologia, a ciência política ou a economia?
*Professor universitário
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