Opinião
O preço da guerra
Alerta a OCDE que reduzir o consumo de energia e diversificar as fontes de abastecimento será importante para evitar racionamento
A OCDE publicou um relatório intercalar no mês de Setembro intitulado “Paying the Price of War” que constitui uma actualização do habitual relatório “OECD Economic Outlook”, publicado em Junho de 2002. A razão indicada pela OCDE para a elaboração deste relatório intercalar resulta da continuidade da agressão da Rússia à Ucrânia e, diria eu, o conflito parecer estar para durar gerarando consequências inimagináveis e duradouras para o ocidente e o mundo.
O mundo já está a pagar custos humanitários elevados e crescentes, pelo que os cenários do anterior “Global Economic Outlook” são, agora, mais negros, segundo reconhece a OCDE. Este relatório intercalar focaliza-se nos impactos da guerra na economia global e na crise energética. Efetivamente, numa altura em que, ainda, se fazem sentir os impactos da pandemia COVID-19, esta guerra está a deteriorar as perspectivas anteriores de crescimento económico que já eram anémicas e a inflação intensificou-se e espalhou-se por todos os países e produtos de consumo.
A OCDE reconhece, ainda, que aumentou o risco de disrupção energética. Assim, o Outlook prevê que o crescimento global da economia em 2022 caia para 3% e abrande em 2023 para 2,2%, previsões significativamente abaixo do previsto antes da guerra. Por exemplo, o relatório prevê que o crescimento anual do PIB dos Estados Unidos da América caia para 0.5% em 2023 e 0,25% na zona euro com o risco de descidas mais abruptas em várias economias europeias durante o inverno.
Por exemplo, a Alemanha abrandará para um crescimento de 1,2% este ano e negativo de 0,7% em 2023, o Reino Unido terá crescimentos de 3,4% e de 0%, respectivamente em 2022 e 2023. Para a Rússia projecta-se decrescimento de -5,5% e -4,5% nos mesmos períodos. Dos países seleccionados pela OCDE para incluir neste relatório, a Índia apresenta as previsões mais favoráveis para o crescimento da sua economia: 6.9% em2022 e 4,9% em 2023.
Para o próximo ano prevê-se que a China cresça 4,7%, em comparação com 3,2% em 2022, sendo a única economia que cresce neste período, embora não seja um crescimento muito animador para aquele país. Entretanto, a OCDE chama a tenção para a incerteza que rodeia estas previsões, podendo ocorrer riscos que piorem a situação mundial, incluindo aumentos importantes dos preços da alimentação e da energia, criando novos pobres, bem como, gerando falhas de energia à medida que o inverno avança no Hemisfério Norte.
Alerta a OCDE que reduzir o consumo de energia e diversificar as fontes de abastecimento será importante para evitar racionamentos, mas poderá simultaneamente gerar aumento dos preços globais da energia, minar a confiança e piorar as condições financeiras. Se tal ocorrer, podem reduzir o crescimento das economias europeias em 1,25% e aumentar a inflação em cerca de 1,5%, em 2023.