Opinião
O respeito que devemos ter pelos restaurantes históricos da nossa cidade
Os restaurantes mais antigos são verdadeiros espólios de histórias infindáveis de várias pessoas e das suas famílias
Comecei o ano a ler uma notícia que me trouxe aquela tranquilidade de que a história está a cumprir bem o seu papel. Acredito e respeito que para o leitor possa ser uma felicidade banal mas quando li que de acordo com o anúncio publicado em Diário da República no dia 9 de janeiro o restaurante Galeto poderá vir a ser distinguido como património cultural fiquei mesmo feliz.
Os restaurantes e a nossa gastronomia fazem parte da nossa cultura e é por isso naturalmente intrínseco esta ligação a qualquer português que se preze. Os restaurantes mais antigos são verdadeiros espólios de histórias infindáveis de várias pessoas e das suas famílias também. Gerações e gerações que entraram pela mesma porta deixando um pouco de si e levando um pouco daquilo que experimentou no restaurante. E quando me refiro àquilo que experimentou não estou apenas a destacar a comida mas também as conversas que se vão tendo com quem serve à mesa.
O Galeto abriu há 59 anos para se transformar numa referência na capital lisboeta. Casamentos, divórcios, nascimentos e mortes. Momentos de enorme felicidade e de enorme tristeza também vividos à mesa de um restaurante histórico e de referência no nosso País. Mas felizmente para nós o restaurante Galeto não é caso único no panorama nacional. De norte a sul encontramos vários locais de referência e com uma história tão ou mais bonita que o restaurante da capital.
Em Leiria restaurantes como o Manel da Quitéria, o Montecarlo “Salvador” ou o Selva do Lena são verdadeiras referências gastronómicas com mais de 40 anos de história na nossa cidade. A dedicação que os seus proprietários colocam na arte de bem servir os seus clientes durante anos a fio merece o nosso maior respeito.
Ter a oportunidade de provar um peixe fresco escolhido pelo olhar da imensa sabedoria do Manel, comer um bacalhau com grão demolhado pelas mãos mágicas da sempre simpática Cristina ou experimentar um arroz de cabidela preparado com um toque de mestria pela Dona Henriqueta são verdadeiros momentos de prazer que nunca nos são indiferentes.
Depois se juntarmos a isto tudo as histórias que eles nos têm para contar da sua longa experiência, acabamos por perceber que somos uns felizardos por podermos receber a arte destas pessoas ilustres e dedicadas à restauração leiriense.
Devemos por tudo isto respeitar e cuidar com todo o carinho dos restaurantes mais antigos da nossa cidade para que os seus proprietários mantenham as suas portas abertas e para que a história continue a ser contada com sabor, dedicação e muito amor.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990