Opinião
Os professores e a importância de não desistirem dos seus alunos
Um professor tem que obrigatoriamente gerar empatia nos seus alunos
Recentemente, numa destas noites de verão, parei para cumprimentar um amigo que estava sentado numa esplanada da cidade. Estávamos a conversar e repentinamente o olhar dele ficou absorvido por algo que estava ali a passar perto de nós. Foi uma fração de segundos, mas mesmo assim houve tempo para os olhos dele começarem a brilhar e a sua boca desenhar um sentimento de ternura.
A causadora desta reação emocional no meu amigo foi a professora de Ciências da Natureza do seu 5º ano de escolaridade. Ele rapidamente se levantou e dirigiu-se a ela: “Foi a professora mais especial que eu tive e nunca desistiu de mim”. Foi fácil perceber que havia nele um sentimento de gratidão pela sua professora de há tantos anos atrás.
Os professores podem ter um papel preponderante na vida dos seus alunos. Um professor que acredite nas capacidades dos seus alunos e que nunca desista de os ajudar a superar os seus medos e fragilidades será sempre um professor que perdurará na memória dos seus alunos. O que vale a uma escola ter nos seus quadros professores apetrechados de conhecimento científico se depois as suas competências emocionais, de se relacionarem com os outros, não estiverem ao nível da sua competência técnica?
Um professor tem que obrigatoriamente gerar empatia nos seus alunos. Talvez por isso um dos maiores pedagogos brasileiros, o psicanalista Rubem Alves, afirmava várias vezes, nas suas encantadoras palestras, que “os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam serem especialistas em amor: intérpretes de sonhos.” E que “ensinar é um ato de alegria, um ofício que deve ser exercido com paixão e arte…”.
Um professor pode ter um papel transformador nos seus alunos, fazendo com que eles muitas das vezes se superem e consigam ultrapassar barreiras que anteriormente surgiam como inatingíveis.
O ano letivo 2024-2025 começa hoje, dia 12 de setembro, e com ele começa também uma construção de memórias nos milhares de alunos que frequentam as nossas escolas. Esperemos que sejam memórias positivas, de superação, de acreditar, de empatia, de partilha, de novos conhecimentos e amizades. Memórias que fiquem marcadas na história de vida dos nossos alunos que serão os próximos adultos de amanhã.
Acredito que nessas boas memórias estarão muitos bons professores que nunca desistiram dos seus alunos, tal e qual como a professora de Ciências da Natureza do meu amigo, nunca desistiu dele.
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990