Opinião
Para os anais da História
Um povo inteiro é martirizado e colectivamente punido por um Estado opressor, colonialista, fanático
A História é feita de vários pequenos momentos importantes, mesmo que muitos deles, não pareçam imediatamente relevantes. Há horas que surgem para nos obrigar a posicionar no lugar certo.
Quando pensamos na Alemanha Nazi, dizemos muitas vezes de forma generalizadora e injusta “os alemães”. E quando queremos lembrar os alemães que corajosamente se insurgiram contra o regime do seu próprio país, usamos uma adversativa para os destacar. Foram excepção.
Quando foram enforcados ou fuzilados, ter-lhes-á parecido que tinham lutado em vão. Mas não. Formaram os vários momentos importantes que o peso dos seus corpos alavancou até ao Dia da Vitória. Ainda bem que resistiram. Sem eles, não se teria derrotado o mal.
Vivemos tempos idênticos, em que, tal como como o povo Judeu, um povo inteiro é martirizado e colectivamente punido por um Estado opressor, colonialista, fanático. Não nos chegam as palavras para falar destes horrores. Apesar de existirem outros, na Ucrânia, Sudão, Etiópia, Síria, Iémen, Congo, Mianmar, Afeganistão… nada se assemelha à intencionalidade do mal infligido à Palestina pelo Estado de Israel. Nada. E já não basta sublinhar o horror. Todos precisam de agir, na medida das suas capacidades - pessoas, entidades e instituições, têm a obrigação de ajudar a que este povo massacrado tenha também o seu dia vitorioso.
Portugal reconheceu o Estado da Palestina no dia 21 de Setembro de 2025. Fará parte dessa contribuição histórica, ainda que pífia e muito tardia - o que também não será esquecido. Que o concelho de Leiria, através dos seus representantes na AM no último dia 12 de Setembro não tenha sabido interpretar a importância do Tempo e estar à altura dos acontecimentos, será uma mancha triste nos anais da nossa história.
Houve um partido “socialista” dividido ao meio numa votação que impediu este reconhecimento, quando até um Governo de direita alcançou mais clareza. Houve um Presidente de UF a votar contrariamente ao voto positivo dos representantes da sua própria Assembleia de Freguesia do dia anterior.
Espero que os restantes leirienses interpretem melhor o momento e mudem o nosso lugar na História. Não esquecer, todas as sextas-feiras, a partir das 17:30 horas, em frente à Câmara Municipal, mantemo-nos vigilantes pela Palestina.