Opinião
Teorias rurais
O convite que então me fizeram ia ao encontro de alguém sem qualquer cargo e decididamente afastado de estruturas administrativas locais.
Completo hoje 100 colunas no JORNAL DE LEIRIA!
A ordem das centenas marca mais de oito anos de intervenções, autorizadas por uma equipa profissional que sempre acolheu com interesse estas peças, simpatizando até com algumas porventura mais delirantes.
Grafo aqui público agradecimento a toda a equipa editorial e em particular ao seu director (que me consta partir entretanto para outras/maiores aventuras).
O convite que então me fizeram ia ao encontro de alguém sem qualquer cargo e decididamente afastado de estruturas administrativas locais.
A direcção do JL desejava-me como mero observador (única vocação que na verdade me é reconhecida), o que actualmente – na iminência de ser titular de relevante cargo público – me enche ainda mais de orgulho em participar neste projecto.
O meu fito, quando ao longo desta viagem vos chamava a atenção para os medronheiros do norte do distrito, para o litoral e para a Maúnça (para os percebes e para as morcelas), para as particularidades do tecido sócio-económico, foi sempre o de apontar as complexidades do território, questionando-o, e assumindo abertamente alguns dos seus maiores problemas e grandíssimas qualidades.
Afastei-me de debates eminentemente académicos que acompanham a minha vida profissional, procurando aproximar-me de uma visão mais regionalista que, conjugada evidentemente com políticas cosmopolitas, deverão constituir as bases do desenvolvimento futuro da cidade e da região.
As abundantes ironias, as notas humorísticas (geralmente inconsequentes) e outros recursos estilísticos, guiaram, por portas travessas, a minha ambição, ligando-me ao mesmo tempo, e pela primeira vez, publicamente aos meus conterrâneos.
Não estou certo de ter materializado convenientemente este programa, nunca enunciado de forma explícita, mas parece ser este o momento ideal para o fazer.
Antes de partir para uma revigorante quinzena de meditação em Albufeira, e como bom filho do Liceu Francisco Rodrigues Lobo (que, muito embora o renovado look, parece já ter conhecido melhores dias), deixo-vos com o poeta: “Tudo em vós se trocou, tudo é mudado, A vida, o gosto e o desejo dela, O rosto , o parecer, o trajo, o gado, E também se mudou a minha estrela.”