Opinião
Uma cidade cosmopolita
Numa cidade cosmopolita não se vai à padaria da esquina de carro.
Numa cidade cosmopolita não se erguem muros sociais.
Numa cidade cosmopolita há gente em todo o lado, a todas as horas. No centro, que não o centro comerc ial na periferia. Aliás, nos vários centros que a multiculturalidade das pessoas que a habitam permite que existam.
Numa cidade cosmopolita, a diversidade e regularidade dos acontecimentos culturais acontece porque os públicos assim o exigem.
Numa cidade cosmopolita, o esvaziamento humano não existe.
Numa cidade cosmopolita, evitar o abandono e deterioração de edifícios é uma prioridade.
Numa cidade cosmopolita não se vai à padaria da esquina de carro.
Numa cidade cosmopolita tens sempre que fazer.
Uma cidade cosmopolita é um grande centro urbano onde confluem pessoas de diversas nações, costumes, culturas, tradições e um produto da diversidade inerente a essas mesmas pessoas.
Vender Leiria ao Mundo (ou à China) como uma cidade cosmopolita é uma falácia do tamanho da capital do Natal lisboeta. Lamento.
Leiria tem muita gente cosmopolita, isso sim.
Cidadãos do Mundo, que viajam, que se adaptam a outras culturas, que levam a sua própria identidade e a disseminam, sendo ao mesmo tempo influenciados sem condicionalismos pelos sítios por onde passam ou onde vivem.
E, como bem sabemos, estamos por todo o lado.
Leiria também tem espaços, eventos e promotores culturais cosmopolitas por definição e convicção. Mas isso não chega.
São pequenas (grandes, pelo que fazem e representam) ilhas, isoladas, sem a cola necessária para as unir num espaço urbano progressista, vivo, dinâmico, aberto, atractivo não só para criar filhos ou para viver mais tranquilamente, mas para que alguém em Londres, Barcelona ou Lisboa, acredite genuinamente que vale a pena trocar de urbe.
Essa cola é invisível e é difícil de conseguir, mas sem ela, caro presidente da Câmara, Leiria, infelizmente, ainda não é uma cidade cosmopolita. Lamento.