Editorial
Uma escola para os novos tempos
Enquanto em certas zonas do globo a luta é ainda pelo direito à educação, nas sociedades desenvolvidas os desafios são bem diferentes
“Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo”.
A frase da jovem activista paquistanesa Malala Yousafzai alerta para uma realidade muitas vezes esquecida: a educação é um direito a que nem todas as crianças têm acesso.
E só com educação se pode mudar uma sociedade.
Enquanto em certas zonas do globo a luta é ainda pelo direito à educação, nas sociedades desenvolvidas os desafios são bem diferentes. E passam pela adaptação da escola aos novos tempos.
Há muito que já se tinha percebido que o sistema de ensino tradicional, com o professor a ‘debitar’ matéria e os alunos a decorar para depois ‘despejarem’ nos testes e exames estava ultrapassada e estaria condenada, mais dia menos dia.
Se dúvidas houvesse, a pandemia e os confinamentos a que obrigou vieram demonstrar que o sistema de ensino tem de ser pró-activo, dinâmico, envolvente e motivante.
Tem, sobretudo, de dotar os alunos de ferramentas para se tornarem autónomos, para saberem pesquisar, analisar e relacionar informação.
Mas para isso as escolas têm de ter autonomia para poderem adoptar medidas e estratégias alinhadas com as especificidades do território.
Porque a realidade de uma zona rural no interior do distrito de Leiria é certamente diferente da de uma zona urbana na área metropolitana de Lisboa.
É certo que havia já instrumentos que permitiam às escolas ter alguma liberdade de movimentos, e muitas participaram em projectos piloto com resultados excelentes.
Os Planos de Inovação são outra das medidas que muitas têm adoptado e que lhes permitem trabalhar de maneira diferente, mais em consonância com os desafios actuais.
Agora, o Governo lançou o Plano 21|23 Escola+, que “apresenta um conjunto de medidas que se alicerçam nas políticas educativas com eficácia demonstrada ao nível do reforço da autonomia das escolas e das estratégias educativas diferenciadas dirigidas à promoção do sucesso escolar e, sobretudo, ao combate às desigualdades através da educação”.
O que se pretende é dotar as escolas de instrumentos para a recuperação de aprendizagens, “procurando garantir que ninguém fica para trás”.
A ambição está aí, esperemos que haja condições para que as escolas possam, de facto, alcançar a meta.