Opinião
Uma referência a nível nacional
De 14 de Julho a 14 de Agosto, Ponte de Lima montou um palco na praça junto ao pavilhão de exposições, perfilou à sua frente 300 lugares num recinto com medidas e procedimentos que respeitavam todas as normas da DGS e por lá apresentou, diariamente, uma programação de Música, Teatro, Dança e Novo Circo
E, só no âmbito da programação musical, atente-se a alguns dos nomes; B Fachada, Selma Uamusse, Tó Trips, Lula Pena, Krake com Adolfo Luxúria Canibal, Maria João, O Gajo, Surma, Valter Lobo, The Last Internationale, TGB ( Sérgio Carolino, Mário Delgado e Alexandre Frazão), LaBaq, Animais...
Quando alguns começam a arriscar aos poucos, testando e replicando formatos cada vez menos entusiasmantes, encontramos coragem em Ponte de Lima com uma programação absolutamente exemplar; 35 espectáculos em 32 dias, com várias noites cheias e uma média de lotação superior a 50% dos 300 lugares, numa vila com 5000 habitantes.
E sabem que mais? No meio e no fim destes 32 dias de programação cultural diária, em todo o município de Ponte de Lima (com mais de 42 mil habitantes) registavam-se apenas 2 casos activos de Covid-19. É possível fazer bem. A vénia à equipa de programação e produção e à autarquia de Ponte de Lima.
Esta cultura não é para quem emprega.
No âmbito do crescimento e alargamento de acções e de locais de trabalho da nossa cooperativa cultural, admitimos, no último ano, sete artistas e produtores de Leiria com contrato de trabalho.
Garantir segurança laboral ao talento que se retém e capacita é fundamental para trabalharmos arduamente com a comunidade e com o território, com os olhos postos no mundo e no futuro.
Em plena pandemia que paralisou este sector, temos trabalhado ainda mais a troco de quase nada. Sem queixumes e sempre com a esperança de que as instituições eleitas estão a tentar acorrer da melhor forma que sabem ou conseguem e que as suas oposições estão atentas e conscientes damos por nós com a certeza de que esta cultura não é para quem investe e emprega.
Assim de repente, resistindo e sem recorrer a layoff, adáptamos espaços e ficámos a saber que as associações sem fins lucrativos não podiam ser beneficiárias do programa ADAPTAR, fizemos candidaturas de emergência e entre ineligibilidades sem resposta nem justificação e outras aceites ficamos a saber que temos sempre de justificar todos os gastos a comprar e contratar tudo a outros e que nenhuma verba se pode justificar com imputação de valor de horas de trabalho da nossa estrutura ou utilização do nosso material, depois tentámos responder a projectos culturais para entidades que não podem deduzir IVA e somos "ultrapassados" por entidades ou associações que estão isentas.
Ficamos com a ideia que, apesar de cumprirmos todos os requisitos fiscais de uma empresa e de actuarmos sem prosseguir lucro e como agente cultural, em alguns pontos que interessam às empresas somos considerados associação e, para outros, que interessam às associações, somos vistos como empresa.