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A Barraca fez operação de limpeza a Camões e mostra em Caldas da Rainha o outro lado da História

19 nov 2024 10:15

A peça de teatro assinala os 500 anos do nascimento de Camões e tem também uma sessão especial para a comunidade académica do Politécnico de Leiria

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“Homenagear os clássicos é modernizá-los e torná-los acessíveis ao público dos nossos dias”, escreve o encenador Hélder Mateus da Costa
Ricardo Rodrigues

É um espectáculo de Hélder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra e estreou em Setembro na Festa do Avante. Amor é um fogo que arde sem se ver, da companhia A Barraca, com direcção musical e música original do maestro António Victorino d’Almeida, vai a palco no CCC, em Caldas da Rainha, já na próxima quinta-feira, 21 de Novembro, com início às 21:30 horas.

A dramaturgia e encenação é de Hélder Mateus da Costa. Do elenco fazem parte Adérito Lopes, Beatriz Dinis e Silva, Érica Galiza, Gil Filipe, Luís Ilunga, Manuel Petiz, Maria Baltazar, Maria do Céu Guerra, Rita Mendes Nunes, Samuel Moura, Sérgio Moras, Teresa Mello Sampayo e Vasco Lello.

Um espectáculo do género histórico/poético, não pode transportar cargas poeirentas e ultrapassadas”, escreve Hélder Mateus da Costa num texto partilhado no site d'A Barraca, em que considera que “homenagear os clássicos é modernizá-los e torná-los acessíveis ao público dos nossos dias”.

Camões é um dos símbolos mais importantes do nosso século de oiro, o século XVI. E é um testemunho vivo do intelectual moderno e progressista na linha de Erasmo e Tomas More, seus contemporâneos. Através dos séculos foi sempre referido como um patriota pelos liberais e Republicanos, e também utilizado pela famílias mais reaccionárias (descendentes dos mesmos que sempre o perseguiram e lhe negaram qualquer apoio e protecção económica)”, aponta. “Por isso, era necessário fazer uma “operação de limpeza” ao nosso Camões e mostrá-lo em toda a sua grandeza e independência. Para exemplo aos jovens e intelectuais dos nossos dias”.

Não é minha intenção propor um novo olhar para o ícone Camões e para o período das grandes navegações portuguesas, mas é preciso conhecer todas as realidades que eram sonegadas e ocultadas. Na linha de Gil Vicente, Fernão Mendes Pinto, Damião de Góis e Chiado que denunciaram nessa mesma época que esse período áureo se devia ao trabalho de cientistas e ao povo que era arrastado para as naus. E que Descobrimento foi frequentemente sinónimo de roubo e massacres a nível Universal”, assinala Hélder Mateus da Costa. “A História não se pode corrigir, mas eu só posso gostar do meu país (ou de qualquer outro) se conhecer os lados positivos e os condenáveis”.

O responsável conclui: “também muito importante e interessante, é pensar que esse importante texto épico – além de oferecer aos navegadores portugueses o Amor como prémio na Ilha dos Amores, também é a grande aventura da língua portuguesa”.

A nova peça de teatro d'A Barraca assinala o quinto centenário do nascimento de Luís de Camões e tem uma sessão extra, também na quinta-feira, para a comunidade académica do Instituto Politécnico de Leiria, como início às 15 horas.