Abertura

"A Covid-19 está a pôr-nos doidos"

13 nov 2020 10:00

Saúde mental | Ultimamente, anda mais irritado? Sem paciência para as brincadeiras no trabalho? Acha que os miúdos estão mais irritantes? E o cão, sempre a pedir para ir passear à rua? “Mas será que o Bóbi não aguenta dois ou três dias sem o passeio higiénico?” A culpa pode ser da pandemia que nos está a dar a volta à cabeça

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Após o medo “vem o cansaço e o cansaço pode provocar indiferença” e diminuição da percepção de risco, já que nos “habituámos” ao coronavírus
Ricardo Graça
Jacinto Silva Duro

Joana foi mãe há um mês. Desde que regressou ao apartamento onde vive, em Leiria, que não saiu de casa, mas não é por causa da pequena Beatriz que não o faz. Ou melhor, até é, mas não é só.

A ansiedade pelo estado de pandemia, que marcou os últimos meses de gravidez, aumentou e encara o mundo para lá da porta do quarto andar onde vive como uma ameaça, para si e para os seus.

Um estudo da Organização Mundial da Saúde revela que um novo fenómeno, baptizado "Cansaço da Pandemia”, atinge já 60% da população.

A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) classifica-o como “um sentimento de sobrecarga, por nos mantermos constantemente vigilantes, e de cansaço, por obedecermos a restrições e alterações na nossa vida”.

“Todos se comportam como se apanhar a doença fosse uma inevitabilidade e que o melhor é despachar isto e depois logo se vê. Parece que aquilo que a internet ou o Zé, que é electricista e ouviu dizer que isto é uma manobra para vender vacinas, é que são médicos especialistas!”, diz Joana. Os vizinhos, diz, não respeitam distâncias, nem obrigatoriedade de usar máscara.

Joana evita até os contactos com a família, porque não vive com ela. O marido, Pedro, em teletrabalho, apoia-a e é ele quem vai à rua.

“Mas só para passear o cão e fazer compras. Desinfecto tudo, quando chego a casa.” Deixou de utilizar o elevador, quando se apercebeu que alguns vizinhos retiravam a máscara assim que franqueavam a porta do prédio. “Acabou por ser uma coisa positiva, porque agora faço um pouco mais de exercício, especialmente, quando tenho de carregar coisas cá para cima”, afirma Pedro.

O número

30%

é o valor máximo estimado de portugueses que a Ordem dos Psicólogos estima poderem sofrer um impacto psicológico da pandemia

Entre 20% a 30% dos portugueses podem sofrer impacto psicológico da pandemia, refere a OPP.

Os psicólogos explicam que a pandemia obriga a uma grande capacidade de adaptação e, como tal, é natural que nos possamos sentir menos motivados para seguir as orientações e os comportamentos de protecção, após meses a viver com limitações, sacrifícios e incerteza.

Após o medo “vem o cansaço e o cansaço pode provocar indiferença” e diminuição da percepção de risco, já que nos “habituámos” ao c

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