Saúde

Administração admite que Urgência Geral de Leiria teve limitações “em períodos restritos e contidos”

6 mai 2022 12:04

Hospital de Leiria afirma que está "num processo de contratação de mais especialistas"

administracao-admite-que-urgencia-geral-de-leiria-teve-limitacoes-em-periodos-restritos-e-contidos
Redacção/Agência Lusa

A Urgência Geral do Hospital de Santo André, em Leiria, registou “limitações no seu acesso, verificadas na área médica, em períodos restritos e contidos”, admitiu à agência Lusa o conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL).

“O Serviço de Urgência Geral apresentou períodos com dificuldades em que, devido à sobrelotação de doentes e diminuição de recursos humanos, teve limitações no seu acesso, verificadas na área médica, em períodos restritos e contidos”, referiu o CHL, em resposta escrita enviada à agência Lusa.

Na quinta-feira, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) revelou que a Urgência Geral e a Área Dedicada a Doentes Respiratórios do hospital de Leiria esteve sem resposta 42 períodos este ano. Um período corresponde a um turno de 12 horas.

Numa nota de imprensa enviada à agência Lusa com o título “Urgências no Hospital de Santo André (Leiria) já ‘fecharam’ 42 vezes este ano”, a SRCOM especificou que foram 12 períodos em abril, oito em março, sete em fevereiro e 15 em janeiro, ressalvando que, “nalguns destes períodos críticos, têm sido asseguradas, entre outras, as respostas em ortopedia, pediatria, ginecologia/obstetrícia e cirurgia”.

Na resposta, o CHL, que integra os hospitais de Leiria, Pombal e Alcobaça, explicou que “nestes momentos específicos foram reencaminhados doentes para outros centros hospitalares, tal como acontece noutras alturas o CHL receber doentes de outras unidades hospitalares, dado que os hospitais do SNS [Serviço Nacional de Saúde] funcionam em rede”.

“Os doentes que se dirigiram ao Serviço de Urgência Geral por iniciativa própria foram sempre observados e atendidos”, assegurou o CHL, garantindo, por outro lado, que “manteve sempre atenção com o trauma, a Via Verde Coronária e todos os quadros que obrigavam o atendimento emergente, desde ortopedia, cirurgia, pediatria ou ginecologia”.

O CHL acrescentou que se encontra “num processo de contratação de mais especialistas e de alteração de escalas, com reformulação de fluxos de observação”, assinalando que a reestruturação em curso “já está a ter resultados, estando a situação mais estabilizada nesta fase”.

O presidente da SRCOM, Carlos Cortes, destacou que o encerramento da Urgência Geral tem vindo a verificar-se, repetidamente, mas agora “com consequências catastróficas”, dado que está a ser prejudicada a resposta da Via Verde Acidente Vascular Cerebral.

De acordo com o dirigente, “a emergência pré-hospitalar está, devido a este grave problema, a ter enormes limitações com consequências imprevisíveis", observando ainda que, enquanto se efetuam as transferências de doentes para as Urgências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra ou outra unidade, os meios de emergência médica de Leiria ficam com a resposta comprometida em tempo útil face às solicitações da sua área de abrangência.

Considerando que se está “perante uma situação de calamidade por falta de recursos humanos e de exaustão extrema dos profissionais do hospital", o presidente da SRCOM afirmou não ser admissível “o esforço quase sobre-humano desenvolvido pelo hospital sem que o Ministério da Saúde dê qualquer sinal para tentar ajudar a resolver a situação”. e o “alargamento da sua área de influência ao eixo Ourém-Fátima”, a que “não correspondeu o adequado ajuste dos quadros de pessoal”.

O sindicato, por isso, sugeriu a revisão das “fusões hospitalares, pelo menos naqueles locais onde mostraram ser nefastas ao interesse público”.