Viver
Ainda há muito para conhecer no Mosteiro: terraço e salas técnicas vão abrir mais vezes ao público
Nova direcção pretende aumentar o número de visitas ao terraço, bem como às salas técnicas, onde estão agora organizadas as peças errantes

A Igreja de Santa Maria da Vitória, a Capela do Fundador, o Claustro Real, as Capelas Imperfeitas, o Claustro de D. Afonso V e a Sala do Capítulo são os locais que, entrando no Mosteiro de Batalha, podem ser visitados livremente e onde pode ser contemplada a junção dos estilos gótico, manuelino e renascentista.
Ainda assim, há muito por descobrir neste mosteiro, que integra a Lista do Património da Humanidade definida pela UNESCO, desde 1983.
A maior novidade é a intenção de aumentar o número de visitas aos terraços do mosteiro.
Segundo Clara Moura Soares, a nova directora do complexo, estas visitas já têm um bilhete próprio, criado durante a sua direcção, com um custo associado.
“Face ao interesse manifestado por tantas pessoas nesta visita, a ideia é que possa acontecer mais vezes ao longo do ano, com um número limitado de 10 pessoas por grupo, para se garantir o cumprimento de todas as regras de segurança”, explica a responsável, ao adiantar que as datas das visitas serão divulgadas oportunamente.
Por isso, mesmo que se tornem mais regulares, o conselho é ir prestando atenção aos meios de comunicação do mosteiro, uma vez que, certamente, as dez vagas por visita deverão esgotar rapidamente.
Além dos terraços, há também outro local que, até há pouco tempo, esteve fechado a sete chaves, pelo menos para o público. As reservas técnicas do mosteiro são salas onde foram depositadas, ao longo dos anos, peças escultóricas que pertenceram ao monumento e que, em diversos momentos da sua vida, foram substituídas, principalmente durante as intervenções de restauro do século XIX.
Anteriormente desorganizadas, a actual direcção resolveu dar-lhe uma nova vida, com o intuito de abrir mais vezes esta porta. “Os visitantes devem poder usufruir dessas peças, que os restauradores do século XIX tiveram o cuidado de preservar. É nossa intenção possibilitar a abertura deste espaço a mais visitas, ainda que o acesso e circulação tenham de ser, necessariamente limitados, face às características do espaço”, explica Clara Moura Soares, referindo que este projecto não é concretizável “a curto prazo”.
Além das peças errantes, as reservas técnicas testemunham os vários papéis que, ao longo dos anos, o Mosteiro da Batalha foi desempenhando.
É possível encontrar, por exemplo, uma bomba de água que pertenceu ao primeiro corpo de bombeiros da Batalha.
Sim, o mosteiro chegou a ser ‘casa’ dos bombeiros e de muitos outros serviços públicos, após a expulsão das ordens religiosas. Como tal, para que cada peça receba o devido contexto, carece também do acompanhamento de um técnico superior.
Directora há quatro meses
Desde o início de Abril que Clara Moura Soares é a directora do Mosteiro da Batalha, sucedendo a Joaquim Ruivo, que ocupou o cargo durante 12 anos.
Entre os projectos que pretende levar avante, destaca a intenção de “fomentar a aproximação entre o mosteiro e a comunidade local, através de um conjunto de actividades diversas”.
Especialista em História de Arte, também pretende ampliar as parcerias e projectos em torno do monumento, envolvendo diversas instituições universitárias nacionais, para “consolidar os conteúdos e recursos de interpretação do mosteiro, disponibilizando-os para os visitantes de forma acessível e inclusiva”.
Este é um dos pilares da sua direcção, uma vez que Clara Moura Soares assume como prioritário acompanhar cada espaço com informação “acessível a todos, nomeadamente, aos públicos com deficiência”.
A responsável revela ainda que pretende internacionalizar o conhecimento sobre o mosteiro. “É elementar que este seja colocado no centro do debate internacional da arquitectura tardo-gótica e neo-gótica, da conservação e do restauro de monumentos e dos bens congéneres inscritos na lista do Património da Humanidade.”
Quanto às obras de requalificação, Clara Moura Soares lembra que falta executar a obra de conservação e restauro das Capelas Imperfeitas, financiada pelo PRR.
O estaleiro da obra começou a ser montado no dia 28 de Julho e o mosteiro aguarda pelo início efectivo da obra, cujo fim é apontado para Junho de 2026.