Abertura
Ainda há seis casas do incêndio de Pedrógão Grande por acabar ou reconstruir
Três anos depois, os processos de primeira habitação aceites pelo fundo Revita continuam por fechar. Estão concluídas 95% das obras, mas outros proprietários e famílias aguardam a conclusão dos trabalhos
O incêndio aconteceu em Junho e em Agosto o Presidente da República já perguntava se as casas estariam prontas a tempo do Natal. Mais de três anos depois, continua por cumprir o desejo de reconstruir a totalidade dos imóveis de primeira habitação atingidos pelas chamas em 2017 nos concelhos de Pedrogão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos. Ainda há seis proprietários à espera, que correspondem a outros tantos processos considerados em execução pelo fundo Revita, que agrega os donativos em dinheiro, bens e serviços.
Em causa estão três habitações de Castanheira de Pera (nas aldeias de Valinha Fontinha, Rapos e Souto Fundeiro), duas de Pedrógão Grande (Vila Facaia e Campêlos) e uma de Figueiró dos Vinhos (Vale Salgueiro).
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Nos casos de Valinha Fontinha e Rapos, os moradores beneficiam de realojamento pela Segurança Social. A primeira obra está praticamente concluída, a última encontra-se parada por ausência do empreiteiro, com a Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande a questionar o fundo Revita.
Em Souto Fundeiro, o fim também está longe, mas o proprietário tem alternativa própria.
Na Travessa dos Lopes, Vila Facaia, a intervenção nunca se iniciou – e entretanto a mulher que lá vivia, sozinha, morreu.
A família de Campêlos habita a moradia em restauro, o mesmo acontece em Vale Salgueiro, onde falta ampliar o imóvel já recuperado.
O presidente do Instituto da Segurança Social e presidente do conselho de gestão do Revita, Rui Fiolhais, recusou comentar. O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, e a presidente da Câmara de Castanheira de Pera, Alda Carvalho, não responderam aos contactos e perguntas por escrito.
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Entretanto, em Valinha Fontinha, a casa de Eva Fernandes (na foto de abertura do artigo), 34 anos, trabalhadora florestal, que partilha com cinco pessoas, aguarda ligação à rede eléctrica e mobília oferecida pelo Ikea. “E pôr ali o portão e uma varanda aqui à frente, de madeira”, explica ao JORNAL DE LEIRIA, antes de recordar como o fogo tomou o telhado e rachou as paredes, no Junho mais negro de todos.
A reconstrução suporta-se na generosidade de um grupo de empresas e particulares, a maioria da zona de Aveiro. “Valeu a pena esperar”, porque a habitação “ficou melhor” do que era. Com mais quartos e mais um piso, onde a adolescente do grupo passa a ter um refúgio para estudar.
Na povoação de Rapos, a obra que tem por beneficiária Alzira Luís, 76 anos, viúva, está mais atrasada. Bastante mais. Fora o telhado e as paredes rebocadas, falta quase tudo, incluindo portas, janelas e pavimento, entre outros elementos. Três anos depois.
“Não tem cabimento”, desabafa ao JORNAL DE LEIRIA. “Tem sido muito difícil”.
As chamas transformaram a residência de um casamento inteiro numa ruína e a construção nova é de raiz. Só que o empreiteiro não aparece há meses. Na prática, está interrompida. Como a vida de Alzira Luís.
95% estão concluídas
Das 259 casas de primeira habitação para recuperar ou reconstruir nos concelhos afectados pelo incêndio de Junho de 2017 – Pedrógão Grande, Caastanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos – mas também nos concelhos vizinhos de Góis, Pampilhosa da Serra, Sertã e Penela, 245 encontram-se concluídas, o equivalente a 95%, revela o mais recente relatório de execução trimestral do fundo Revita, com a situaç&atild
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