Sociedade

Algas invasoras: ameaça nos oceanos, oportunidade no prato

26 fev 2017 00:00

MARE–IP Leiria lidera projecto europeu.

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Maria Anabela Silva

Transformar uma das actuais ameaças dos oceanos – as algas invasoras – numa oportunidade. É este o objectivo do  AMALIA - Algae-to-MArket Lab IdeAs , um projecto europeu liderado pelo Politécnico de Leiria, através do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, que pretende valorizar o  potencial  das  algas  invasoras,  incorporando-as em produtos alimentares, rações e cosméticos.

Investigador  do  MARE  e  coordenador do projecto, Marco Lemos explica ao JORNAL DE LEIRIA que está previsto  o  desenvolvimento  de  “diversos alimentos e refeições prontas a  comer,  contendo  peixe  e  marisco, com as propriedades benéficas para a saúde que as algas conferem, com pra- zos de validade mais prolongados, de- vido à capacidade antioxidante e anti- microbiana que as algas possuem”.

O projecto contempla ainda a criação de “rações com potencial para estimular o sistema imunitário dos peixes e camarões  em  aquacultura”  e  de  extractos  anti-rugas  e  anti-machas a usar pela indústria cosmética.

“Serão também  desenvolvidos  outros  produtos que terão como complemento as  algas,  trazendo  um  carácter  distintivo e inovador a alguns produtos tradicionais”,  acrescenta  o  investigador.

Em paralelo com a valorização das algas, que abrangerá a costa noroeste da Península Ibéria (toda a Galiza e a área portuguesa até ao limite Sul de Peniche), o projecto fará a monitorização do aparecimento das algas invasoras, através de “um sistema subaquático, que dará informações em tempo  real  sobre  o  aparecimento  e quantidades de alga”.

Isso permitirá accionar mecanismos para a sua re- colha para a indústria, “antes que as mesmas imponham grandes danos ao ambiente marinho”, explica um comunicado do MARE.  

O  projecto,  que  arrancou  oficialmente  no  início  deste  mês,  terá  a duração de dois anos e prevê um investimento de 600 mil euros. Além do IP Leiria, envolve as Universidades de Coimbra e de Vigo, o INEGI - Instituto  de  Ciência  e  Inovação  em  Engenharia Mecânica  e  Engenharia  Industrial, a Associação para o Desenvolvimento de Peniche e as empresas Algaplus (Portugal), Biomin (Áustria) e Quest-Innovation (Holanda).