Sociedade

Ambientalistas denunciam "persistência de ilegalidade" com eucaliptos em Pedrógão Grande

15 mar 2023 08:00

Segundo a Quercus e a Acréscimo, foi removida "apenas uma parte" dos eucaliptos que o ICNF mandou arrancar. Organização das empresas de celulose refuta acusações.

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Plantação em causa abrange parcela junto ao rio Zêzere
DR
Maria Anabela Silva

As associações Quercus e Acréscimo denunciam a "persistência de ilegalidade" na acção de reflorestação promovida em Pedrógão Grande pela Biond - Associação das Bio-Industrias de Base Florestal (antes denominada por Celpa).

Em causa está uma parcela, localizada nas margens do rio Zêzere, onde foram plantados eucaliptos numa área para a qual tinham sido aprovados medronheiros. Após a denúncia do caso, em Julho do ano passado, o Instituto de Conservação da Natureza das Florestas (ICNF) determinou a remoção dos eucaliptos.

Em comunicado enviado esta terça-feira ao JORNAL DE LEIRIA, a Acréscimo e a Quercus revelam que, numa recente visita ao local, os seus técnicos constataram que "apenas uma parte" da parcela foi sujeita a regularização, "permanecendo eucaliptos na parcela aprovada para medronheiros".

Nessa nota, as associações ambientalista lamentam "a incapacidade do Estado, nomeadamente, do ICNF" para fiscalizar as acções de (re)arborização que autoriza. "Essa incapacidade converte-se num prémio à especulação e à infracção, com a consequente expansão da área de eucalipto ilegal", criticam.

Acusações refutadas

A Biond refuta as acusações, assegurando que o programa de reflorestação "está a ser concretizado em conformidade com o plano definido e autorizado". A organização sai em defesa do trabalho executado no terreno, "em parceria" com a Associação dos Produtores e Proprietários Florestais. "Onde pouco mais havia do que cinzas, foram plantadas várias espécies, entre as quais, pinheiro-bravo, eucalipto, medronheiros e carvalhos, obedecendo às melhores práticas florestais", assegura, dando conta da rearborização de "cerca de 115 hectares de floresta ardida, pertencentes a 44 pequenos proprietários privados".

No comunicado, a Quercus e da Acréscimo refere ainda que, na visita que efectuaram local, os seus técnicos ficaram com a "suspeita de potencial adulteração do projecto" num outro processo de arborização em parcela também "destinada e aprovada" para medronheiros, devido ao "tipo de preparação do solo, em terraços, tipicamente para eucaliptal".

"Presumir-se que está em curso uma adulteração do projecto pela existência de terraços revela uma profunda ignorância relativamente ao que são as boas práticas florestais", responde a Biond. No esclarecimento enviado ao JORNAL DE LEIRIA, a organização alega que a "preparação do solo em terraços é uma forma de combater a erosão em terrenos de acentuado declive, permitindo-se assim a plantação florestal, independentemente da espécie",