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António Rocha Quaresma: O farmacêutico que brincou com Salgueiro Maia e ainda apagou fogos

3 abr 2016 00:00

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Tem 69 anos e ainda hoje não deixa de lado uma brincadeira. António Rocha Quaresma é o proprietário da Farmácia Paiva, em Pombal, nome que fez questão de manter, mesmo depois da morte do avô. Nunca conheceu o pai, que morreu quando tinha nove meses. “Marcou-me muito”, confessa. O avô assumiu o papel de 'capitão' e a mãe era a 'primeiro sargento', que tratava de garantir que as regras do' capitão' eram cumpridas, revela Rocha Quaresma, admitindo que ao vir de uma família de farmacêuticos só podia… ser também farmacêutico.

Casado com a mulher que começou a namorar aos 16 anos, tem dois filhos, que também lhe seguiram as pisadas. Quando o pai morreu, a mãe “vestiu a bata preta e tornou-se na primeira ajudante de farmácia do País”.

“A minha falecida mãe ficou com três filhos, um com 2, outro com 4 anos e eu com 9 meses. O meu falecido avô deixou a farmácia que tinha em Soure e veio para aqui. A minha mãe marcou-me pela maneira de estar na vida e o meu avô pela maneira de estar na sociedade e na profissão. O que me ensinaram é aquilo que ainda hoje sou”, conta.

Apesar de ter no início “uma infância triste”, as pessoas que o rodeavam “transformaram-na numa infância alegre”. E essa alegria de viver esteve sempre presente na sua vida. “Era muito reguila. Andava sempre no jardim e brincava com tudo e com todos. Às vezes, a minha mãe chamava a nossa funcionária para dar-me banho à mangueirada antes de entrar em casa de tão sujo que estava.” Como muitos dos seus amigos andavam descalços, Rocha Quaresma descalçava-se também para jogar à bola com eles. “Se jogasse calçado magoava- os.”

O farmacêutico afirma que foi um ‘cowboy’ pronto para a 'cowboyada', mas sempre com o objectivo de “ajudar os outros”. Por isso, nunca deixou ninguém sair da sua farmácia sem um medicamento que precisasse, mesmo que não pudesse pagá-lo no momento. “Nunca ninguém morreu por minha culpa. É um princípio deontológico que assumi. Mesmo quando não há dinheiro resolve-se o problema.”

O capitão de Abril Salgueiro Maia foi um dos seus amigos. “Apareceu em Pombal porque o pai era o chefe da estação. O Salgueiro Maia era um gajo porreiro. Íamos para o jardim estudar e ele também lá aparecia”, recorda. Rocha Quaresma chumbou nos exames do 5.º ano e a mãe mandou-o para um colégio interno em Coimbra, onde esteve um ano. A ligação a Salgueiro Maia ficou mais distante. Encontravam-se só nas férias. “Entendo que o Salgueiro Maia devia ter a medalha de ouro de Pombal, por tudo aquilo que fez.”

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