Economia
Apoios às empresas: “Não vamos ter falta de dinheiro. Temos de ter é engenho e arte”
Recuperação da economia: a presidente da CCDR Centro, Isabel Damasceno, no webinar promovido pelo JORNAL DE LEIRIA, com o presidente da Nerlei, António Poças, e o presidente do Compete 2020, Nuno Mangas
A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Isabel Damasceno, alertou hoje em Leiria para o “desafio enormíssimo” que está pela frente, não só na recuperação da economia como no aproveitamento dos fundos europeus.
“Não vamos ter falta de dinheiro”, considera a antiga presidente da Câmara Municipal de Leiria. "O que temos de ter é engenho e arte para todos sermos convocados à aplicação desse dinheiro".
Isabel Damasceno lembra que até 2023 há sobreposição de três instrumentos de financiamento com fundos europeus e entre 2023 e 2026 são dois os mecanismos que se mantêm activos, o que exige "organização colectiva” para aproveitar “uma oportunidade única”.
A presidente da CCDRC, que gere o programa operacional PO Centro, reconhece entretanto que o actual quadro comunitário de apoio “não tem execuções brilhantes”.
Isabel Damasceno falava esta tarde no webinar Bring Economy Back, promovido pelo JORNAL DE LEIRIA para assinalar mais uma edição da revista 250 Maiores Empresas do Distrito de Leiria, que será distribuída a 10 de Dezembro.
Assista na íntegra:
O presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria, António Poças, avisa que se o País continuar a fazer tudo “da mesma maneira” não vai conseguir “aproveitar os fundos todos”.
“Teremos de nos reinventar e encontrar outras formas”, ou seja, “maneiras ligeiramente diferentes de fazer as coisas para ter sucesso no próximo quadro comunitário e nos apoios”.
Segundo António Poças, tem havido “progressos espectaculares” na máquina do Estado e “melhorias muito significativas”, mas continuam a chegar à Nerlei “queixas das empreas de dificuldades nos processos burocráticos” depois de submeterem projectos e candidaturas.
O presidente da Nerlei defende a criação de uma tipologia de programas de fundos europeus que “forçassem as empresas a trabalhar mais em conjunto”.
Sobre o mesmo tema, o presidente da comissão directiva do programa operacional temático Competitividade e Internacionalização, o Compete 2020, Nuno Mangas, diz que é necessário “trazer mais empresas para este jogo”, porque quem procura financiamento para iniciativas de inovação e desenvolvimento “são quase sempre as mesmas empresas”.
O webinar decorreu nas instalações da Nerlei, com transmissão em directo nas redes sociais.
Com os impactos económicos da crise pandémica a abrir o debate, o presidente da associação empresarial lembrou que em algum momento os actuais apoios à tesouraria terão de ser convertidos “em empréstimos de médio prazo”, porque as empresas sem negócio ou que estão a facturar menos não vão ter condições para os pagar nos próximos meses.
António Poças acredita, ainda, que “não tem havido apoios suficientes”, por exemplo, para resolver questões estruturais como a capitalização das empresas.
Segundo Isabel Damasceno, o programa +Co3so Emprego está numa “fase avançada de análise de candidaturas” e encontra-se “em preparação um novo aviso” também dirigido ao tema dos postos de trabalho.
Já Nuno Mangas revelou que os programas Apoiar.pt e Apoiar Restauração registam “12 mil candidaturas” o que constitui “um recorde absoluto” que “já supera os 100 milhões de euros” de incentivos “a fundo perdido”.
A previsão aponta para que os pagamentos comecem “este ano ainda” e “não há o risco de os fundos se esgotarem amanhã”, assegura.
Por outro lado, no sistema de incentivos à inovação produtiva, a actividade não pára.
“Continuamos a assistir a investimento por parte das empresas o que quer dizer que as empresas estão a acreditar e percebem que passada esta fase mais aguda virão provavelmente novas oportunidades”, elogiou o gestor do Compete 2020.
Na análise das candidaturas, Isabel Damasceno garante que “tem havido uma preocupação acrescia de agilizar tudo”, porque “o mais importante é fazer chegar dinheiro as empresas que estão a passar um mau momento”.
O rigor, contudo, é o mesmo e passará por auditoias e fiscalizações, quando necessário.
Segundo Isabel Damasceno, no actual PO Centro, a Região de Leiria está em primeiro lugar, “tem sido um exemplo de aproveitamento de fundos”, o que é, afirma, “indicador de dinâmica e de transformação das empresas”.
Em 2019, a informação económico-financeira apresentada na revista 250 Maiores Empresas do Distrito de Leiria será fornecida pela Informa D&B, empresa que lidera a oferta de informação e conhecimento sobre o tecido empresarial na Península Ibérica.
Tal como em anos anteriores, a par da publicação com o JORNAL DE LEIRIA, a revista terá distribuição nacional, através do Jornal de Negócios.