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Artista acusa município de Pombal de copiar projecto para festival

29 ago 2024 14:45

Pombal vai organizar um evento de arte urbana em Setembro, mas Carlos Calika diz que a Câmara se apropriou da ideia que ele e outros artistas já tinham apresentado à população

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Imagem do RuARTE divulgada por Carlos Calika nas redes sociais
DR

“Fui roubado!”. É assim, sem rodeios, que o realizador de cinema Carlos Calika inicia a publicação no Facebook em que acusa a Câmara de Pombal de se apropriar do projecto apresentado em 2023 por ele, Carlos Calika, em conjunto com Leonel Medrix, Luís Pinto, João Ribeiro e Gastão Silva – o festival RuARTE, que o grupo candidatou ao orçamento participativo de Pombal, sem sucesso.

Em vez do RuARTE, que não foi seleccionado para o orçamento participativo de Pombal, e nunca saiu da gaveta, surge agora o Faz P.Art, um festival de arte urbana agendado para os próximos dias 13 e 14 de Setembro.

“Basicamente, um copy/paste do projecto que apresentámos à população no Café Concerto em Novembro”, escreve Carlos Calika. “O Faz P.Art pegou nas nossas ideias e trocando algumas palavras é lançado como criado pelo Município de Pombal, mas não foi, foi pensado e elaborado por nós, o que fizeram foi um roubo à vista de todos, sem um pingo de vergonha”, aponta. “Não é a primeira vez que o Município de Pombal rouba ideias a mim e a outros cidadãos, para depois se vangloriarem pela originalidade e organização dos eventos. Tenham vergonha na cara, o roubo intelectual também é crime, as pessoas que estão por trás do Faz P.Art não podem ser definidos de outra forma que não seja ladrões, sim, ladrões com letra grande porque o que fizeram foi roubar o projecto à descarada”.

Carlos Calika acrescenta que “nenhum membro do RuARTE foi contactado” pelo município de Pombal acerca do Faz P.Art. “Merecemos explicações, é o mínimo que devem fazer. Pedro Pimpão [presidente da Câmara] fico à espera de uma resposta!”, conclui.

Nos comentários à publicação, Filipe Eusébio, antigo director artístico do centro de experimentação Casa Varela, em Pombal, refere que “os responsáveis políticos (anteriores e actuais) estão devidamente informados da origem deste tipo de apropriação há vários anos” e considera que “este é o principal travão para o desenvolvimento cultural da cidade”.

Contactado pelo JORNAL DE LEIRIA, o município remeteu uma nota de esclarecimento, em que garante que “o Street Art Festival está identificado no Plano de Actividades Municipal (PAM) para 2024-28, com rubrica própria, aprovado pela Câmara e Assembleia Municipal”.

Desde 2022, no orçamento municipal previmos a realização de um Festival de Arte Urbana. Não tendo sido possível realizá-lo anteriormente, definiu-se que se iria realizar a primeira edição este ano, estando este projecto integrado na candidatura à DGArtes apresentada ainda em Setembro de 2023 (ou seja, antes das propostas do Orçamento Participativo)”, alega a autarquia.

“O Município de Pombal refuta, assim, qualquer acusação de se ter apropriado de qualquer ideia de terceiros”, lê-se ainda, “uma acusação que consideramos injusta e precipitada”.

“Não podemos tolerar que sejam prestadas falsas declarações a respeito deste Município”, é referido na resposta ao JORNAL DE LEIRIA.

“O Município de Pombal está comprometido em criar um evento inovador que respeite e celebre a diversidade e a criatividade de todos os envolvidos, estando disponível para trabalhar em conjunto com todos que tenham o mesmo objetivo: promover e apoiar a arte, a cultura e a arte urbana”, conclui a Câmara.