Sociedade
“As salas de aula têm um formato de autocarro”
Fórum Educação não formal debateu mudanças no ensino para entusiasmar alunos
“As salas de aula são em formato de autocarro, com os alunos todos virados para o mesmo lado e a comportarem- se como um autocarro. Está alguém à frente a dirigir e uns estão a viajar, outros estão a dormir e outros estão a olhar para a paisagem.” Foi assim que o secretário de Estado da Educação, João Costa, definiu as salas de aula actuais, durante o II Fórum educação não formal, organizado pela Junta Regional de Leiria do Corpo Nacional de Escutas.
O governante alertou para a necessidade de alterar o formato das aulas. “Este formato de autocarro funciona quando o que está à frente é o único que sabe, desde que os outros todos tenham uma posição passiva. Não promove de todo o trabalho cooperativo, nem o questionamento e a curiosidade intelectual”, justificou.
Lembrando que hoje o conhecimento está “no bolso” e para saber uma informação basta recorrer ao google, João Costa salientou que é preciso preparar os jovens para serem “competentes em usar, pesquisar e analisar informação”, porque a internet tem informação verdadeira e falsa.
O secretário de Estado considerou ainda que a escola está organizada no modelo do século XIX e início do século XX, “com um conjunto de disciplinas que não falam entre si”. No entanto, “no mundo empresarial verifica-se que as fronteiras entre disciplinas se começaram a esbater e a maior parte do conhecimento é transdisciplinar”.
João Costa defendeu também uma contaminação da educação não formal na escola, o que poderá ajudar a motivar os alunos, sobretudo aqueles que não querem estudar. “A forma como os conteúdos são trabalhados, como os alunos são envolvidos é uma das competências que temos de trazer para a escola. Lançámos um plano de tutoria onde os alunos desenvolvem competências sócio-emocionais de relação com a escola.”
Considerando que o currículo actual “está obeso”, João Costa prometeu uma dieta, identificando em cada disciplina “quais são as aprendizagens essenciais, libertando tempo para outras aprendizagens mais práticas” e outro tipo de projectos. João Matos, professor do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, também defendeu que a escola hoje tem de “preparar os jovens para trabalhar em empregos que ainda não foram criados e com tecnologias que ainda não foram inventadas”.
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