Sociedade
Associações da Marinha Grande criticam burocracia dos regulamentos de apoio criados pelo município
Autarquia diz estar do lado das colectividades e garante “alguma flexibilidade” na fase de arranque dos regulamentos
Várias associações da Marinha Grande relatam dificuldades em dar resposta aos critérios dos regulamentos municipais para atribuição de apoios ao associativismo. Nesse sentido, e para criar um interlocutor junto da câmara e das juntas de freguesia, vão avançar em breve com eleições e reactivar a Associação Concelhia de Associações da Marinha Grande (ACAMG), anunciam em nota de imprensa.
Também ontem, em reunião de câmara, foram dadas a conhecer reclamações do género, manifestadas pela associação Tocándar. Ana Alves Monteiro, vereadora com pelouro do Associativismo, notou que o município está do lado das colectividades e garantiu “alguma flexibilidade” nesta fase de arranque dos regulamentos.
Em nota de imprensa, a ACAMG explica que foi realizada na passada quinta-feira uma reunião, onde se fez o ponto de situação do movimento associativo do concelho e se debateu o futuro da ACAMG. Neste encontro, “as associações refletiram sobre a situação económica actual manifestando a sua preocupação com o aumento da inflação, que implica um aumento dos custos suportados, refletiram ainda sobre a falta de apoios do poder central ao movimento associativo”, contextualiza a entidade.
“No que se refere ao poder local, as associações manifestaram a sua preocupação com a forma como estão a ser implementados os regulamentos de apoio. O objectivo dos regulamentos era tornar todo o processo de apoio ao associativismo mais simples, claro e transparente. No entanto, no entender das associações, o processo tornou-se muito burocrático e pouco claro, estando o município a ir para além do que está previsto nos regulamentos, nomeadamente, quando define quais são as despesas elegíveis e não elegíveis e quando exige que o relatório final seja feito utilizando determinado modelo e mapas”, especifica.
“As associações não querem uma relação de conflito com o município, querem sim uma relação de colaboração. Querem cumprir com aquilo que são os seus objectivos e servir a população do concelho da Marinha Grande o melhor possível”, sublinha a ACAMG.
“Cientes que todas juntas podem criar sinergias e serem um interlocutor de excelência junto das instituições públicas, nomeadamente do município e das juntas de freguesia, decidiram criar uma comissão, que ficou mandatada para marcar uma reunião com o município e desencadear o processo eleitoral da ACAMG, com a maior brevidade”, informa ainda.
A comissão é constituída pela Associação Cultural e Recreativa da Comeira, representada pelo presidente da direcção, Carlos Franco; pela Associação Social Cultural e Desportiva de Casal Galego, representada pela presidente da direcção, Liliana Prior; e pelo Sport Operário Marinhense, representado pela presidente da direcção, Cristina Carapinha, adianta a ACAMG.
Tocándar pondera devolver apoios
Na reunião de câmara de ontem, o tema foi de novo abordado pela vereadora Lara Lino, que alertou para as dificuldades sentidas pela associação Tocándar em dar resposta ao regulamento municipal para apoio ao associativismo. A vereadora referia-se ao email enviado à câmara por esta associação, que, perante tais dificuldades, pondera até devolver os apoios.
Lara Lino disse compreender que a implementação dos regulamentos tenha por objectivo criar “justiça” na atribuição deste tipo de ajuda, contudo, entende que a autarquia tem de ser “uma mais-valia e não um entrave”.
Ana Alves Monteiro respondeu que a autarquia criou um modelo para que as associações saibam o que têm de apresentar, porque é “sistemática a falta de documentos, sobretudo da área financeira”, que comprovam a execução e as despesas com as actividades para as quais o município atribui o apoio.
A vereadora admite que o município está a “implementar uma série de coisas novas”, “a arrumar esta área que não estava devidamente estruturada”; reconhece que “haja alguma dificuldade nesta fase inicial”, mas também refere que haverá “condescendência”.
Mediante a dificuldade que as associações tiverem no cumprimento do formulário, o município também terá este ano “alguma flexibilidade”. Contudo, Ana Alves Monteiro também realça que há associações que receberam apoios no ano transacto e que ainda não regularizam a situação.
“Não podemos continuar a atribuir apoios sistematicamente sem fechar os ciclos de apoio de anos anteriores”, defende.
“Estamos ao lado das associações e das colectividades e não fora deste caminho comum”, remata.